
A mamografia é a principal forma de se detectar um câncer de mama e minimizar as complicações da doença , segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia. Entretanto, para que o exame seja realizado, é necessário que a mulher fique de pé para que as mamas sejam, uma a uma, comprimidas pelo mamógrafo.
Mas e no caso de uma pessoa com deficiência física que não consegue ficar de pé? A estudante Carla Karine Oliveira, de 32 anos, precisou usar a força de seus braços para conseguir realizar a mamografia. Após encontrar um caroço no seio, ela foi aconselhada a fazer o exame e também uma ecografia.
Carla não tem condições para pagar exames em clínicas particulares, e precisou passar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os problemas começaram com a ecografia mamária. Não demorou muito para ela ser marcada, mas como se deslocar da cadeira de rodas para a maca? “Ainda bem que eu faço exercícios físicos e, por isso, tive força para sair da cadeira e me deitar na maca”, contou a estudante.
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Já conseguir um mamógrafo foi mais demorado e, quando o dia finalmente chegou, Carla entendeu que sem adaptações de acessibilidade é praticamente impossível para as paraplégicas ou tetraplégicas fazer o exame. “Como fazer a mamografia em pé? Infelizmente, eles não estão preparados para os exames. Eles perguntam assim: mas você não consegue ficar em pé nem um pouquinho? A gente não fica em pé nem um pouquinho, então não tem como fazer.”
Graças à força que ela tem nos membros superiores, foi possível fazer o exame elevando um pouco o corpo. Entretanto, ela precisou repetir o procedimento porque a imagem não ficou boa. Mais espera, mais aborrecimentos, mais complicações. Entre o primeiro exame e o segundo, o caroço dobrou de tamanho.
Felizmente, o nódulo no seio da estudante era benigno, ou seja, não era câncer. Mas e as outras oito milhões de brasileiras com deficiência física? “E uma mulher que tem nanismo? Uma mulher anã. Ela também é uma mulher. Ela precisa fazer o exame. Não são apenas as cadeirantes. Há outras mulheres que têm uma dificuldade. Precisamos de macas que sobem e descem”, alertou Carla.
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Em 23 de novembro, o presidente Michel Temer aprovou uma alteração na Lei de nº 11.664, que trata das ações de saúde para detecção e tratamento do câncer, como a mamografia. De acordo com o texto, “às mulheres com deficiência serão garantidos as condições e os equipamentos adequados que lhes assegurem o atendimento previsto na Lei”. Resta, agora, que isto seja feito na prática.
*Com informações da Agência Senado