Apesar de menos comum que o câncer de mama, o câncer de ovário é uma doença bastante agressiva e com alta taxa de mortalidade, sendo de 15 a 20% as chances de sobrevivência por até 5 anos após a doença ser detectada. Por ser silenciosa, sem sintomas definidos, um dos fatores que pode ser determinante na hora do diagnóstico é o conhecimento do histórico familiar.

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Considerado um dos mais graves, o câncer de ovário é pouco conhecido, o que facilita o diagnostico tardio
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Considerado um dos mais graves, o câncer de ovário é pouco conhecido, o que facilita o diagnostico tardio

“Verificar se há casos de câncer de ovário na família é fundamental, já que esse é o fator de risco mais importante” alerta a oncologista do Hospital São José, Graziela Zibetti Dal Molin. A especialista ainda fala que mesmo outros tipos de câncer, como o de mama, devem ser levados em conta nesta avaliação.

Ao perceber casos em irmãs, tias, avós ou mãe, o recomendável é procurar uma ajuda médica de um oncologista o quanto antes, para uma investigação mais detalhada, já que uma das causas do câncer pode ser devido uma alteração genética, é passada de mãe ou pai para filha.

Outros fatores podem influenciar

Há também alguns sintomas que podem ser relacionados ao câncer, fazendo com que, mesmo sem uma herança familiar, a mulher tenha a doença. Entre eles, o emagrecimento repentino, cansaço, dor na barriga contínua, dor nas costas, alteração na menstruação, perda de apetite, constipação intestinal e aumento no volume da barriga costumam indicar o tumor, e ao procurar um médico, mesmo um clínico geral, o preciso considerar o câncer de ovário como uma possibilidade.

“Muitos especialistas, como clínicos gerais ou ortopedistas não vão investigar a doença, por isso, é importante procurar um ginecologista para falar sobre a suspeita”, ressaltou Graziela.

Hábitos relacionados a uma vida desregrada e pouco saudável, como o sedentarismo e má alimentação, podem fazer com que a chance de ter a doença aumente. A oncologista também alerta para outros fatores de risco. “A obesidade, o tabagismo - sendo este prejudicial para todos os tipos de tumores - e a reposição hormonal após menopausa podem afetar o organismo negativamente e elevar as chances do tumor.”

Falta de informação diminui as chances de diagnóstico precoce

Graziela explica que “por não possuir características claras, e pela falta de exames que diagnostiquem o tumor, em 75% dos casos a descoberta da doença ocorre quando já está em um estágio avançado, com poucas chances de cura para a vítima”.

Com alta taxa de mortalidade, ocupando o quinto lugar no ranking das causas de morte de mulheres no mundo, a cada ano, são contabilizadas 250 mil novos casos da doença ao redor da esfera terrestre.

Porém, a falta de informação sobre sua existência também acaba contribuindo para que muitas mulheres demorem a procurar ajuda. “O câncer ainda é um tabu. Muitas pessoas tem medo da doença, o que acaba gerando grande dificuldade para encarar que ela existe e que precisa de tratamento”, conclui a oncologista.

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Diagnóstico

Seja por perceber os sintomas ou encontrar casos da enfermidade na família, a mulher deve procurar o ginecologista, que, geralmente, irá recomendar o ultrassom transvaginal ou pélvico e exames de sangue de sangue como CA-125, marcador tumoral que analisa os sinais de câncer.

A médica do Hospital São José esclarece que um teste genético deve ser feito para saber qual a origem da enfermidade. “Hoje, todas as pacientes diagnosticadas, independente de terem outros casos na família, devem realizar esse exame para saber à qual alteração genética a doença pode estar relacionada.”

Ainda de acordo com a especialista, o principal gene associado é o BRCA, que aponta a doença como hereditária, podendo passar para descendentes da mulher com o tumor e ainda abrir a possibilidade de se encontrar mais casos na família.

“Se você tem familiares que apresentaram essa alteração genética, mas não está com o tumor, há a possibilidade de optar por uma cirurgia redutora de risco, que retira as glândulas mamárias e os ovários, para evitar que a doença se desenvolva”, aconselha a médica.

Essa foi a opção da atriz hollywoodiana Angelina Jolie, que optou por esse procedimento por sua mãe ter desenvolvido a doença. Nesses casos, onde fica comprovada a chance de ter o câncer, o acompanhamento ginecológico deve ser feito constantemente.

Novidade no tratamento pode aumentar a chance de cura

O principal tratamento é a cirurgia. Bastante complicada, ela deve ser feita por um cirurgião oncológico especializado em tumor ginecológico, conforme recomenda Graziela. “Em fase avançada, a cirurgia não tem muito papel de cura, mas pode melhorar e aumentar o tempo de sobrevida”, explica ela.

No entanto, há alguns dias, bem próximo da data em que é lembrado como o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Ovário, nesta segunda-feira (8), foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o remédio Olaparibe (Lynparza), utilizado no combate à esse tipo de câncer, agindo diretamente na célula tumoral, até mesmo em estágios mais avançados.

Disponível no mercado, essa droga é utilizada via oral, e tem efeitos menos intensos quanto na quimioterapia. Esse medicamento é indicado para mulheres que apresentarem a mutação no gene BRCA.

“Essa é uma ótima notícia, já que a droga apresentou resultados satisfatórios”, comemora a oncologista.

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