Tabaco mata 6 milhões de pessoas por ano, das quais mais de 600 mil são não fumantes, vitimas do fumo passivo
PEDRO SILVEIRA
Tabaco mata 6 milhões de pessoas por ano, das quais mais de 600 mil são não fumantes, vitimas do fumo passivo

Sabe aquele ditado “é melhor prevenir do que remediar”? Pois é, no caso do consumo do tabaco essa talvez seria a melhor saída. Ao calcular o lucro que o país tem com as arrecadações de impostos com a venda de cigarro versus o gasto com o tratamento de pessoas que foram acometidas pelos malefícios da droga, o saldo acaba negativo em R$ 44 bilhões.

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Essas são as informações do Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), apresentado nesta quarta-feira (31), data que é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco .

A pesquisa que aborda, pela primeira vez, o custo do tabaco para o país. Anualmente, o governo gasta, em média, R$ 56,9 bilhões com despesas médicas para fumantes passivos e ativos. O Ministério da Saúde esclarece que deste total, R$ 39,4 bilhões são com custos médicos diretos e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade, provocadas por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.

Já o total arrecadado de impostos com a venda de cigarros em 2015 foi de R$ 12,9 bilhões, o que justifica o saldo negativo de R$ 44 bilhões.

Dados

De acordo com o estudo, as doenças relacionadas ao tabaco que mais sobrecarregaram o sistema público e privado de saúde no Brasil em 2015 foram: doença pulmonar obstrutiva crônica - principalmente enfisema e asma -, com gasto de R$ 16 bilhões, doenças cardíacas, que custaram R$ 10,3 bilhões, para o tabagismo passivo e outras causas foram dispostos R$ 4,5 bilhões, cânceres diversos de esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga, laringe, colo do útero e leucemia custaram R$ 4 bilhões, câncer de pulmão, R$ 2,3 bilhões, acidente vascular cerebral (AVC), R$ 2,2 bilhões e pneumonia, R$ 146 milhões.

Mortes

Um dos pontos ainda mais importantes do que os impactos econômicos é a quantidade de vidas perdida para o tabagismo. A pesquisa mostrou que a droga foi responsável por 156.216 mortes no Brasil em 2015, o que representa 12,6% de todos os óbitos de pessoas com mais de 35 anos no país.

Do total de 156.216 casos de doença pulmonar obstrutiva crônica, 26.651 por cânceres diversos, 23.762 por câncer de pulmão, 17.972 por tabagismo passivo, 10.900 por pneumonia e 10.812 por AVC.

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Prevenção

 Ao apresentar a análise, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, falou sobre as ações que a pasta já realizou e está preocupada com sua continuidade na luta da prevenção ao tabagismo. “Estamos revisando as fotografias e os alertas publicados nos maços de cigarro. Também  estamos conversando com o Supremo Tribunal Federal para julgar e liberar a proibição da Anvisa de colocar aditivo de sabor nos cigarros”, explicou o ministro. Ele ressaltou que os jovens que iniciam no tabagismo são os mais atraídos por esses aditivos de sabor. “Além disso, tem a campanha para sensibilizar as pessoas a deixarem de fumar”, destacou Barros.

Apesar de redução em 35% a prevalência de fumantes nas capitais brasileiras entre 2006 e 2016, segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), ainda é preciso diminuir o consumo de cigarros.

Tratamento

Para a médica pneumologista da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu, Suzana Minamoto ainda há um grande consumo do tabaco no país. “Pessoas fumantes e não fumantes que estão expostas à fumaça do cigarro sofrem consequências na saúde. Por isso, cabe a todos os profissionais de saúde lembrar todos os malefícios que o cigarro pode causar”.

A Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu e o Hospital das Clínicas da instituição promovem durante todo o ano uma campanha de combate ao tabagismo, divulgando o tratamento gratuito aos que desejam parar de fumar.

O Sistema Único de Saúde também oferece tratamento gratuito para fumantes nas Unidades Básicas de Saúde. São ofertados adesivos que ajudam a inibir o vício do tabaco, pastilhas, gomas de mascar e bupropiona.

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*Com informações da Agência Saúde

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