Segundo a Organização Mundial da Saúde, os bebês devem ser alimentados apenas de leite materno até os seis meses. A recomendação da amamentação exclusiva não inclui outros alimentos nesse período, pois a substância humana já é suficiente para nutrir e imunizar os recém-nascidos.
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No entanto, muitas mães, ao adoecerem, acabam interrompendo a amamentação , com medo de transmitir para o bebê o vírus, parasita ou bactéria. Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a contraindicação do aleitamento materno por mulheres com doenças transmissíveis pode estar sendo feita desnecessariamente.
Pensando nisso, o guia de orientação sobre a relação entre infecções e aleitamento materno foi atualizado pelo Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP. Para os pediatras, o leite humano oferece muito mais benefícios do que risco à vida da criança.
Por isso, o manual - que pode ser acessado clicando aqui - classifica os diferentes tipos de doenças infecciosas e como deve ser a conduta tomada em cada caso, para a interrupção não aconteça sem necessidade.
"Existe muita contraindicação desnecessária, então, de posse do conhecimento, é possível manter a amamentação, mesmo no caso de a mãe ser portadora de alguma doença infecciosa . Há um número muito limitado de doenças em que a amamentação está contraindicada”, explica Graciete Vieira, uma das pediatras responsáveis pelo guia.
De acordo com a médica, no Brasil, somente as mulheres portadoras do HIV (vírus da imunodeficiência humana) e do HTLV (vírus T-linfotrópico humano) têm contraindicação para amamentar os filhos. A restrição para essas doenças, no entanto, não é obrigatória em todos os países, que adotam a recomendação geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Em outras partes do mundo, mesmo a mãe com HIV pode amamentar, e é recomendável amamentar com leite materno exclusivo. Ou seja, sem chá, água ou outro alimento, porque se você usar leite materno com outro alimento, pode determinar um processo inflamatório digestivo e favorecer a aquisição do vírus. Por outro lado, o leite materno exclusivo dará anticorpos e fatores de proteção contra doenças”, acrescentou Graciete.
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Como evitar contaminação?
Conforme esclarece o guia, doenças como rubéola, caxumba, varicela ou catapora, influenza do tipo 1, estafilococos, estreptococos, coqueluche, diarreia e até tuberculose estão entre as que não apresentam o agente infeccioso no leite humano.
Porém, a maioria delas são transmitidas por meio do contato da criança com secreções nasais e da pele da mãe. Nesses casos, a mãe pode tomar alguns cuidados para não interromper a alimentação da criança com o leite materno .
“Por exemplo, no caso da tuberculose, ela é transmitida por gotículas respiratórias, o bacilo vai estar presente nas gotículas de espirro ou de tosse. Não está presente no leite materno, mas é preciso alguns cuidados. Se a mãe está fazendo uso de medicamentos contra tuberculose e já faz uso há duas semanas, ela pode amamentar sem problemas. Mas, se for antes dessas duas semanas, ela tem que fazer isolamento respiratório, pode amamentar com máscaras para evitar que essa criança se infeccione”, orienta a médica.
Outro modo de continuar o aleitamento mesmo durante o isolamento da tuberculose ou de qualquer outra doença que demande tratamento específico, como a hanseníase, a mãe pode retirar o leite e oferece-lo de forma cura, sem o processo de pasteurização, para o bebê.
A retirada deve ser feita de sete a oito vezes por dia para que a mãe mantenha a lactação e não cesse a produção de leite depois que estiver curada.
A SBP alerta que mesmo no caso das doenças em que o vírus se aloja no leite, há a possibilidade de manter o aleitamento. É o caso da zika, chicungunya, dengue e febre amarela, por exemplo.
“A presença de partículas virais no leite não significa que a doença vai ser transmitida para a criança. Ela vai ingerir essas partículas junto com o leite materno, elas vão passar pelo estômago, sofrer a ação do próprio suco gástrico e enzimas, e assim, perdem o poder de infecção”, lembrou Graciete Vieira.
Outros tipos de condutas que podem ser adotados por mães lactantes e garantir a amamentação com segurança são o uso da imunoglobulina, a vacinação da criança logo após o nascimento no caso de pacientes com hepatite B, o uso de máscaras e a lavagem constante das mãos.
Doação de leite materno
No ano passado, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) reconheceu o Brasil como referência na amamentação, e um dos destaques se refere às doações da substância. Entre 2008 e 2014, 1,1 milhão de mulheres doaram seu leite aos bancos de leite humano , tornando o Brasil o país com mais doadoras no mundo.
Por aliar estratégias de baixo custo com alta qualidade na implantação de bancos de leite, o Brasil passou a transferir tecnologias para 24 países da América Latina, Caribe, Península Ibérica, África e mais alguns países europeus.
Como parte das ações de incentivo à amamentação, o Ministério da Saúde promove a Campanha de Doação de Leite Materno. A partir deste ano, os prédios públicos serão iluminados na cor dourada como símbolo do Agosto Dourado. O aleitamento é considerado padrão ouro de alimentação para crianças pela OMS.
Benefícios
Em 2001, o órgão ainda reconheceu a Rede Global de Bancos de Leite Humano como uma das ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil apresentou uma queda de 70,5%.
Ainda segundo a OMS, a amamentação é essencial para as crianças até dois anos, pois reforça a proteção contra infecções, diarreias e alergias, o que colabora para a diminuição da mortalidade infantil. Por isso, o Ministério da Saúde e a Rede Global de Bancos de Leite Humano promovem todos os anos a Campanha Nacional de Doação de Leite Humano.
*Com informações da Agência Brasil
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