Sentimentos como angústia, ansiedade, depressão, e até dor de perda podem estar relacionados à nomofobia
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Sentimentos como angústia, ansiedade, depressão, e até dor de perda podem estar relacionados à nomofobia

“Vazio”, “sensação de perda”, “aperto no peito” foram alguns dos termos utilizados por Maria Carolina Moraes Ribeiro, uma publicitária, de 26 anos, quando foi questionada sobre como ela se sente quando está sem celular.

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“Sou muito desligada, vivo esquecendo as coisas nos lugares. Mas presto muita atenção com o celular para que isso não aconteça com ele. As vezes que já o deixei em casa foram dolorosas para mim. Me senti perdida. Por isso sempre checo se ele está comigo antes de sair”, contou ela, afirmando que pode sair sem chave, sem documento e até sem dinheiro, mas nunca sem o celular.

Esse sentimento de ansiedade, como se a pessoa estivesse perdendo a conexão com o mundo, não é exclusividade de Maria Carolina. Conforme aponta a União Internacional de Telecomunicações (UIT) com mais de 7 bilhões de aparelhos móveis de telefone sendo usados pelo mundo todo, estima-se que 60% dos usuários sofrem com a dependência do objeto.

O assunto é sério. Tanto que a angústia de ficar sem o aparato já é considerada uma fobia. O termo “Nomofobia” - abreviação do nome em inglês “no-mobile-phone phobia” - foi criado no Reino Unido e está sendo utilizado para descrever a condição que afeta adolescentes e adultos.

Recentemente pesquisadores de Hong Kong realizaram um estudo que revelava quanto a nomofobia está infectando todos. A pesquisa apontou que pessoas que usam os aparelhos para armazenar, compartilhar e acessar memórias pessoais sofrem mais.

Quando os usuários foram convidados a descrever como eles se sentiam sobre seus telefones, palavras como "danos" (a dor no pescoço, que era relatada frequentemente) e "sozinho" previa níveis mais altos da condição.

"As descobertas de nosso estudo sugerem que os usuários estão vendo os smartphones como seus ‘eus’ estendidos e se apegam aos dispositivos", afirmou o Dr. Kim Ki Joon. "As pessoas acabam tendo sentimentos de ansiedade e desconforto quando separados de seus telefones".

Um outro estudo americano já conseguiu mostrar que a separação de entre o indivíduo e seu aparelho pode ser tão traumática que chega ao ponto desenvolver um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial.

Para o professor Mark Griffiths, psicólogo e diretor da Unidade Internacional de Pesquisa de Jogos da Universidade de Nottingham Trent, no Reino Unido, o que realmente importa para quem sente a dependência do telefone são as redes sociais.

"As pessoas não usam mais seus telefones para ligar umas para as outras. Estamos falando agora de smartphones, dispositivos conectados à internet que permite a cada usuário lidar com muitos aspectos de suas vidas", analisa Griffiths.

É por isso que ele classifica esse fenômeno como Fomo (“fear of meassing out”, ou medo de ficar por fora). "Você teria que remover cirurgicamente um telefone de um adolescente porque toda a sua vida está enraizada neste dispositivo", completou ele.

Griffiths acha que a teoria do apego, onde se desenvolve a dependência emocional do telefone porque contém detalhes pessoais, é uma pequena parte da nomofobia. Para os mais jovens é o Fomo que cria a maior ansiedade de separação.

Para esse público, se eles não conseguirem ver o que está acontecendo no Instagram ou Facebook é como se um medo os invadisse porque eles não sabem o que está acontecendo socialmente.

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Solução?

Porém, o psicólogo defende que a adaptação sem o telefone não demora muito. Em locais sem internet, principalmente em período de férias, o tempo para se acostumar não é muito longo. Ele também afirma para reduzir a ansiedade e a dependência do objeto uma alternativa é desligando-o ou deixando em casa, quando possível.

Para ser classificado com Fomo, o especialista esclarece que entre os critérios que acarretam no vício estão o pensamento de que o smartphone é a coisa mais importante da vida, aumento do tempo gasto com ele, sintomas de abstinência, uso para desestressar ou ficar entretido. O uso do celular também deve comprometer os relacionamentos e provocar conflitos internos – como o fato da pessoa saber que deve reduzir, mas não consegue. Griffiths defende que poucas pessoas cumprem esses critérios. “Mas certamente muitos de nós experimentamos alguns deles”.

Teste

Viciado? Faça o teste e veja se você está sofrendo de dependência do celular
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Viciado? Faça o teste e veja se você está sofrendo de dependência do celular

A avaliação foi retirada do artigo "Computadores em Comportamento Humano", criado por Caglar Yildirim, da Universidade Estadual de Iowa. Para fazer o teste é preciso que você dê uma nota de 1 a 7 para o quanto você concorda com as afirmações abaixo. (Sendo 1 para "discordo plenamente" e 7 para "concordo plenamente").

Depois disso, veja quais notas foram maiores do que 5 na escala. Se você deu cinco ou mais para a maioria das frases, é sinal de que você está dependente o celular. Confira as frases abaixo:

  1. Fico desconfortável quando não tenho acesso constante a informações por meio do meu smartphone.
  2. Fico irritado quando não posso procurar informações no meu smartphone a hora que quero.
  3. Fico nervoso quando não consigo receber as novidades (como notícias ou previsão do tempo, por exemplo) do meu celular.
  4. Fico irritado quando não posso usar meu smartphone ou suas capacidades imediatamente quando desejo.
  5. Quando meu celular está ficando sem bateria entro em desespero.
  6. Quando fico sem créditos ou atinjo o meu limite mensal de dados entro em pânico.
  7. Quando fico sem sinal ou sem contato com a internet, fico verificando a cada instante se a rede já voltou ao normal até isso acontecer.
  8. Quando estou sem meu celular sempre penso que posso ficar preso em algum lugar e precisar dele.
  9. Quando estou em algum lugar onde é proibido o uso de celular fico ansioso para poder mexer nele.

Se eu não tivesse meu smartphone comigo,

  1. Eu me sentiria ansioso porque não conseguiria me comunicar instantaneamente com minha família e amigos.
  2. Eu ficaria preocupado porque minha família e amigos não poderiam me contatar.
  3. Eu ficaria nervoso porque eu não seria capaz de receber mensagens de texto e chamadas.
  4. Eu ficaria ansioso porque não conseguiria manter contato com minha família e amigos.
  5. Eu me sentiria ansioso porque minha conexão constante com minha família e amigos seria quebrada.
  6. Eu ficaria nervoso porque ficaria desconectado das minhas redes sociais.
  7. Eu me sentiria ansiosa porque não poderia verificar minhas mensagens de e-mail.
  8. Eu me sentiria estranho porque não saberia o que fazer.


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