Rússia suspende envio de Sputnik V ao Brasil e governadores negociam novo prazo
Divulgação/Sputnik Vaccine
Rússia suspende envio de Sputnik V ao Brasil e governadores negociam novo prazo

O lote de 1,1 milhão de doses de vacina Sputnik V, contra a Covid-19, esperado pelos estados do Consórcio Nordeste, não chegará ao Brasil nesta quarta-feira, como estava previsto inicialmente. Diante da mudança, o envio das vacinas está sem prazo definido para ocorrer. Uma reunião entre governadores da região e o Ministério da Saúde russo foi marcada também nesta quarta-feira para tentar resolver o impasse.

Os imunizantes desembarcariam no país sob o mecanismo chamado de importação excepcional e temporária, que permitiria a aplicação da vacina em 1% da população dos estados solicitantes, com uma série de restrições em relação ao quadro geral de saúde e faixa etária dos vacinados.

O cancelamento do envio do lote que inauguraria o uso da vacina no Brasil foi uma decisão do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), responsável por negociar a venda do antígeno com o Brasil. A ruptura se deu após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, dizer publicamente que o Brasil "não tinha necessidade" dos imunizantes Sputnik V e Covaxin — vacina indiana sobre a qual há suspeitas de irregularidade na compra.

Na semana passada, os russos haviam pedido um prazo de 48 horas para reavaliar como ficaria o envio de doses diante da fala do ministro da Saúde. Na ocasião, o governador do Piauí, e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias (PT) chegou a referir-se aos esforços para comprar a vacina como uma "corrida de obstáculos".

Após a análise do RDIF, ficou definida que a entrega das doses iniciais não ocorreria conforme o previsto anteriormente. Fontes ligadas ao processo dizem que os russos recuaram por buscarem uma definição específica do governo brasileiro se irá incluir, ou não, o imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

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Além disso, há receio do fundo que o recuo do governo federal atrapalhe os trâmites de autorização da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Nesta quarta-feira, Wellington Dias tem agenda marcada com o Ministério da Saúde da Rússia e com o Fundo Russo de Investimento Direto para dar andamento à negociação. Ao GLOBO, ele reafirmou o interesse em receber as doses e disse que diante desse imbróglio há risco do Brasil "perder" os imunizantes que estão disponíveis para compra.

Ao todo, estão em jogo pelo menos 10 milhões de doses anteriormente garantidas pelo Ministério da Saúde e mais 37 milhões de aplicações negociadas diretamente pelos estados do Consórcio Nordeste (que agrupa os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).

A importação dessas doses não ocorreu em totalidade porque a Anvisa não concedeu autorização de uso emergencial à vacina, por faltarem dados suficientes, segundo a agência, que garantam a segurança e eficácia do fármaco. A liberação vigente permite apenas um uso controlado, no modelo de estudo científico, com público restrito e acompanhamento constante como forma de avaliar, sobretudo, a segurança do imunizante.

A vacina Sputnik V é aplicada em duas doses. De acordo com seus desenvolvedores, o imunizante apresentou eficácia de 91,6% nas fases 3 de testes. Seu uso ainda não ocorreu no Brasil, nem mesmo em estudos clínicos. Outros países, como a Argentina e a própria Rússia, aprovaram o imunizante e o utilizam em larga escala na população. Globalmente, 69 agências reguladoras já deram sinal positivo à vacina.

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