Vírus da 'varíola dos macacos'
Centro de Controle de Doenças/Divulgação
Vírus da 'varíola dos macacos'

Vírus um pouco diferente do já erradicado que infecta apenas humanos, a  varíola dos macacos virou grande motivo de preocupação para as autoridades de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são 131 casos em todo o mundo, além de 106 ainda sob investigação, em locais onde a doença não é considera endêmica.

Enquanto Buenos Aires investiga seu primeiro caso suspeito, o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Junior afirma que é questão de tempo até que se confirme um caso no Brasil.

"Não dá para fazer nenhuma previsão, mas é questão de tempo. Com a rapidez que as pessoas se movimentam, com o tráfego internacional, e considerando que não existem restrições nesses países, as possibilidades de alguém ter contato com o vírus e apresentar os sintomas só aqui no Brasil são muito altas", afirma.

A varíola dos macacos ocorre geralmente em regiões do continente africano. Recentemente, foram relatados casos na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália que parecem não ter relação com as outras regiões, o que poderia indicar uma transmissão comunitária.

Ontem, o conselheiro da OMS, David Heymann, disse que a organização investiga a possibilidade de o surto ter se iniciado em duas raves , na Esanha e na Bélgica, em razão do que ele chama de "hábitos sexuais de risco". O especialista explica como esse contágio pode ter acontecido.

"A capacidade de transmissão desse vírus é inferir ao vírus da Covid, por exemplo, mas ela pode ser transmitida por contato próximo, físico direto, por isso se imagina que uma parcela dessas pessoas se infectaram através de uma relação sexual. Mas não pela atividade sexual em si, como é o caso do HIV, mas pelo contato próximo que envolve a relação", afirma.

"Também há a possibilidade de transmissão por secreções respiratórias. No caso da Covid, são aerossóis, que viajam distâncias mais longas. A varíola é transmitida por gotículas grandes, então tem que existir essa proximidade".

O infectologista afirma não haver uma chance de pandemia da doença. "Você pode ter surtos isolados em vários lugares, mas dificilmente teremos uma pandemia com as dimensões que tivemos da covid-19. A capacidade de transmissão desse vírus é inferior ao da covid-19".

Os sintomas da varíola dos macacos são dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. As lesões na pele começam pelo rosto, e depois se espalham pelo corpo atingindo até mesmo as genitais.

As feridas são semelhantes às da catapora: depois que secam, caem naturalmente, e podem ser dolorosas. Casos mais leves podem ser assintomáticos, representando um risco maior de transmissão, como alerta o Dr. Francisco.

"É importante prestar atenção nesses sintomas mesmo que a pessoa não tenha viajado. Muitos dos casos estão sendo em Portugal, na Espanha, países europeus, mas grande parte das pessoas não têm histórico de viagem. Mas, do nada, aparecem manchinhas avermelhadas, que formam pequenas bolhas. Em caso de suspeita, deve-se procurar o serviço de saúde o mais rapidamente possível".

Vacina contra varíola

A vacina contra varíola confere proteção contra a varíola dos macacos. Há, no entanto, um porém: desde que a doença foi erradicada, o imunizante não é mais aplicado em larga escala. Essa pode ser uma arma contra um eventual surto.

No Reino Unido, pessoas consideradas do grupo de risco estão sendo vacinadas. Há também um tratamento aprovado em 2022 para a doença, o tecovirimat.

Como se prevenir

Enquanto os pesquisadores buscam mais informação sobre as infecções, a classe médica orienta que residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com roedores, marsupiais e primatas que possam abrigar o vírus.

A higiene correta das mãos com o uso do álcool em gel e o uso de máscaras também são aliados contra a doença , bem como evitar o contato com o vírus e não utilizar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele.

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** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.

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