Pessoa com deficiência faz uso de muletas
Pixabay/Falco
Crianças com deficiência não podem parar tratamento durante isolamento social

A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) impactou o trabalho de diversas ONGs que realizavam trabalho de acompanhamento com crianças com deficiência, que tiveram que fechar as portas. Para que o tratamento feito até então não fosse interrompido, pais começaram a improvisar atividades dentro de casa.

As informações são da rádio CBN de notícias.

Desde os dois meses de vida Mariana, hoje com 6 anos, ela precisa de sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia para ganhar força muscular para andar, manusear objetos com destreza e desenvolver melhor a fala. A garota tem síndrome de down.

Quando a ONG em que Mariana fazia os acompanhamentos fechou para evitar a disseminação do novo coronavírus, a opção de sua mãe, Edna Santos, foi começar a fazer os exercícios com a filha dentro de casa, a partir da orientação à distância dos terapeutas:

“Faço circuitos para ela de forma lúdica, brincando com ela e ao mesmo tempo tentando fazer com que ela faça os exercícios. Eu canto uma música para ela imitar o saci pererê. Faço também um caminho com uma corda para ela andar com as pernas mais fechadas, daí eu conto a história da chapeuzinho vermelho que está andando pela floresta. Ela está fazendo o exercício e as vezes nem percebe. No início foi um pouco difícil, mas agora a Mariana está entendendo todo o processo”, conta Edna.

Com a demanda, os locais de atendimento a crianças com deficiências precisaram adaptar suas atividades para o online. A ONG Casas André Luiz foi uma delas e hoje faz consultas virtuais com 250 pacientes, apesar de ainda atender de modo presencial casos graves e famílias que não tem acesso à internet.

“Os pais receberam manuais com atividades que eles poderiam fazer para estimular as crianças em casa. No teleatendimento, a gente entra por um aplicativo e vai orientando as terapias vendo as crianças”, explica Mônica Nunes, coordenadora do ambulatório da ONG.

Depois de ter uma paralisia cerebral ao nascer, Diego, 5 anos, hoje anda com dificuldade. Antes da pandemia ele frequentava a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), mas com a Covid-19 no ar seus pais tiveram que improvisar os equipamentos de que ele precisa no quintal de casa.

“Meu pai teve a ideia de fazer uma barra paralela de cano de PVC. Para o Diego foi excelente, porque ele encarou aquilo como uma brincadeira. Agora ele pede para fazer, para andar. Lógico que o que fazemos em casa não é igual as terapias profissionais. Mas ele não tem perdido muito. Tentamos fazer da melhor forma possível”, conta Amanda Gomes, mãe de Diego.

A AACD também aderiu ao atendimento à distância, mas já retomou as atividades presenciais para cerca de 800 dos quase 1800 de seus pacientes. A instituição informa que o índice de desistência foi alto e aproximadamente 30% dos pacientes não retornaram aos tratamentos.

“Se eu estava treinando uma criança, por exemplo, para o equilíbrio sentado e durante esse tempo todo nenhum exercício foi feito, aquilo que estava sendo adquirido, foi perdido", diz Alice Ramos, médica e superintendente clínica da AACD, sobre os efeitos da interrupção.

O retorno das atividades presenciais está sendo também uma etapa de reavaliação dos pacientes, para que a AACD possa entender os possíveis  prejuízos nos tratamentos.

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