Covid: mais da metade dos infectados pela Ômicron não sabiam que estavam com o vírus, mostra estudo
André Biernath - @andre_biernath - Da BBC News Brasil em Londres
Covid: mais da metade dos infectados pela Ômicron não sabiam que estavam com o vírus, mostra estudo

A variante Ômicron do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, foi descoberta no fim do ano passado na África do Sul e, desde então, provocou recordes de casos da doença por todo o mundo devido à maior capacidade de escapar da resposta imune.

No entanto, os números registrados da doença podem ser ainda menores que a realidade, mostra um novo estudo publicado na revista científica JAMA Network Open. De acordo com uma estimativa dos pesquisadores, mais da metade dos infectados pela cepa não sabiam que haviam sido contaminados pelo vírus.

O trabalho, conduzido por especialistas do Centro Médico Cedars-Sinai, nos Estados Unidos, analisou registros de saúde de 2.479 participantes de um estudo sorológico já em andamento sobre Covid-19 realizado em Los Angeles. Os indivíduos tinham amostras de sangue coletadas recorrentemente há mais de dois anos, então os cientistas decidiram analisar a presença de anticorpos mês a mês entre setembro de 2021 e dezembro de 2021, o início da onda da variante Ômicron.

Foi detectado um aumento recente de anticorpos próximo a dezembro em 210 participantes, o que foi ligado a uma alta probabilidade de infecção pelo vírus. Os participantes haviam sido vacinados antes da primeira medição, logo, a variação encontrada durante o período não foi relacionada aos imunizantes. Dos 217, apenas 92 (44%) relataram um diagnóstico pela Covid-19. Os outros 118, 56% da amostra, contaram não saber que haviam sido contaminados pela doença.

"Os resultados do nosso estudo aumentam a evidência de que infecções não diagnosticadas podem aumentar a transmissão do vírus. Um baixo nível de conscientização sobre as infecções provavelmente contribuiu para a rápida disseminação do Ômicron”, explica a pesquisadora do Cedars-Sinai e primeira autora do estudo, Sandy Joung, em comunicado.

Além disso, o estudo mostrou que ,entre os que não sabiam sobre a infecção, 10% admitiram ter sentido sintomas, mas disseram pensar que os sinais eram relacionados a um resfriado comum ou outra infecção respiratória, como a gripe.

“Esperamos que as pessoas leiam essas descobertas e pensem: ‘Eu estava em uma reunião onde alguém deu positivo’ ou ‘Comecei a me sentir um pouco mal. Talvez eu devesse fazer um teste rápido.' Quanto melhor entendermos nossos próprios riscos, melhor estaremos em proteger a saúde da população e de nós mesmos”, orienta Susan Cheng, presidente do departamento de Saúde Cardiovascular Feminina e Ciência Populacional no Cedars-Sinai e também autora do estudo.

As pesquisadoras explicam que, em comparação com as variantes anteriores, a Ômicron é associada a sintomas menos graves, que podem incluir fadiga, tosse, dores de cabeça, incômodo na garganta e nariz escorrendo. Além disso, com o avanço da cobertura vacinal, que protege contra os desfechos graves da doença, a tendência é que os sinais sejam mais leves.

Porém, elas destacam que não buscar o diagnóstico, mesmo que em casos de poucos sintomas, leva a uma maior circulação do vírus e aumento na taxa de contaminação. Agora, mais estudos, com um número maior de pessoas e em diferentes países, são necessários para compreender o cenário de falta de conhecimento sobre uma infecção.

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