David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo
Fernando Neves/Futura Press
David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo

Desde que o número de casos de febre amarela começou a aumentar no Estado de São Paulo, postos de saúde passaram a ficar lotados, com a população em busca da vacina contra a doença, sem informação sobre quem poderia ou não receber a dose.

Diante deste cenário, a Secretaria Estadual da Saúde voltou a afirmar que não há necessidade de pânico, que pessoas fora de áreas de incidência não precisam se imunizar agora, e que essa situação está fazendo com que pessoas que nem poderiam receber a vacina estejam se expondo ao risco de ter reações adversas.

A pasta confirmou nesta sexta-feira (19) que três pessoas morreram por reação à vacina , e outras seis mortes estão sendo avaliadas com suspeita de terem o mesmo motivo.

“Especificamente esta vacina da febre amarela é [composta de] vírus vivo atenuado. Então quando você aplica essa vacina em um indivíduo que não tem boas defesas, esse vírus se replica à semelhança da própria doença”, esclareceu o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip em uma entrevista ao Jornal Nacional, exibida nesta sexta-feira. Assista a reportagem na íntegra:

A vacina não poderá ser administrada em idosos acima de 60 anos, sem autorização médica, pessoas que tenham doenças associadas que diminuem a eficiência dos mecanismos de defesa do organismo, transplantados, bebês com menos de nove meses, mulheres em período de amamentação, alérgicos a algum componente da vacina, como ovo, por exemplo, pacientes em terapias imunossupressoras, como quimioterapia e pessoas com doenças autoimunes.

O secretário ainda afirma que é o paciente quem deve informar ao posto de saúde sobre sua condição, para que haja a decisão sobre se ele deve ou não ser vacinado.

“Nós entendemos que o vírus está circulando pelas matas, houve um aumento de mortes de primatas não-humanos. Então a decisão de outubro de 2017 foi vacinar toda a população do Estado de São Paulo e assim será feito até o final deste ano com a população que pode ser vacinada”, conclui Uip.

A pasta também afirmou que os números de casos da doença em São Paulo dobraram de 40 para 81, desde janeiro de 2017. Os óbitos em decorrência da condição também cresceram, e foram de 21 para 36.

A pasta ressaltou ainda que na próxima semana ocorrerá a campanha de vacinação em massa em São Paulo e no Rio de Janeiro  deverão imunizar a população com as doses fracionadas.

Tire suas dúvidas

  • O que é febre amarela? 

É uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, provocada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre, quando há transmissão em área rural ou de floresta, e urbano.

  • Como a febre amarela é transmitida? 

Segundo a Sociedade Brasileira de Dengue/Arboviroses (SBD-A), a transmissão acontece por meio da picada de insetos, especialmente os mosquitos dos gêneros  Aedes - o mesmo que transmite a Dengue, a Chikungunya e Zika – nos ambientes urbanos, e pelos gêneros Haemagogus  e  Sabethes  que são encontrados no ciclo silvestre.​

  • Qual diferença entre febre amarela silvestre e urbana? 

A SBD-A esclarece que o que diferencia as duas formas da doença são o local geográfico e o gênero do mosquito transmissor. No ambiente urbano, o mosquito Aedes aegypti é o responsável pela transmissão da doença ao picar o indivíduo. Já nas regiões de mata, há diversas espécies diferentes de mosquitos responsáveis pela transmissão, sendo os principais os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes . É importante ressaltar que todos os casos registrados desde 1942 no Brasil até o momento foram do tipo silvestre .

  • Macacos podem transmitir febre amarela? 

Não. Quem transmite a doença são os mosquitos e os macacos também são alvos dos insetos, assim como os humanos.

A SBD-A orienta que a população não mate esses animais, já que o extermínio de primatas não interfere na continuidade do ciclo de transmissão do vírus.

Além disso, a entidade ressalta que quando esses animais são encontrados mortos pela doença, pode-se considerar a ocorrência como um marco da previsibilidade da proximidade da transmissão para seres humanos.

  • A vacina é segura? 

Sim. Ela estimula a produção de uma reposta imune que constitui a defesa necessária contra a febre amarela com detecção de anticorpos neutralizantes em 90% dos vacinados já no 10º dia e em mais de 99% após 4 semanas da vacinação.

  • Qual a diferença entre dose fracionada e dose padrão? 

O Ministério da Saúde afirmou que a dose fracionada tem mostrado a mesma proteção que a dose padrão. Segundo a pasta, a única diferença está no volume: a dose padrão tem 0,5 Ml, enquanto a dose fracionada tem 0,1 Ml. É isso que faz com que o tempo de duração da proteção seja diferente.

Atualmente, o Ministério da Saúde utiliza a dose padrão da vacina de febre amarela. Porém, em alguns estados serão adotadas as doses fracionadas, que representam 1/5 da dose padrão. Um frasco com 5 doses da vacina de febre amarela, por exemplo, pode vacinar 25 pessoas e um frasco com 10 doses pode vacinar 50 pessoas.

No início de janeiro deste ano o Ministério da Saúde anunciou que entre fevereiro e março 75 municípios de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia irão adotar campanhas de vacinação contra a febre amarela com doses fracionadas . A decisão, segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi tomada mediante recomendação e autorização da Organização Mundial da Saúde (OMS).

  • Por quanto tempo a vacina fracionada protege? E a dose padrão? 

A dose padrão protege por toda a vida, enquanto a dose fracionada protege por pelo menos oito anos, segundo estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz

  • Quem já tomou a vacina contra a febre amarela deve se vacinar novamente? 

Não. Uma dose já é o suficiente para proteger por toda a vida. Mesmo quem tomou uma dose há mais de dez anos e foi orientado a tomar uma dose de reforço depois desse período.

O Ministério da Saúde esclarece que desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Apenas crianças de 9 meses a 5 anos de idade que já receberam a dose devem receber o reforço após os 5 anos.

  • Além da vacina, quais outras formas de evitar a febre amarela? 

Existem algumas condutas que podem e devem ser adotadas pela população para se proteger, como o uso de repelentes, mosquiteiros e roupas de mangas compridas que são métodos relevantes e eficazes para controlar a proliferação da febre amarela.

Em relação aos repelentes, produtos contendo DEET, Icaridina ou IR3535 oferecem proteção contra picadas de mosquitos incluindo o Aedes aegypti, com eficácia e duração de ação variadas e indicações específicas.

Leia também: OMS inclui estado de São Paulo em lista de áreas de risco para febre amarela

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