Casos de sarampo aumentam em Roraima, desde que venezuelanos passaram a se deslocar para Boa Vista
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Casos de sarampo aumentam em Roraima, desde que venezuelanos passaram a se deslocar para Boa Vista

Até o momento, 677 pessoas tiveram o diagnóstico de sarampo confirmado no Brasil. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Ministério da Saúde. A pasta ressalta que o país enfrenta, atualmente, surtos de sarampo em dois estados: Roraima e Amazonas, mas há casos registrados em outros quatro estados.

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Nos estados em que os surtos de sarampo estão acontecendo, até esta terça-feira (17), foram confirmados 444 casos de sarampo no Amazonas, e 2.529 permanecem em investigação. Roraima também confirmou 216 casos da doença e 160 continuam em investigação.

O ministério informou que, desde fevereiro, quando começaram a surgir os casos da infecção que já tinha sido erradicada no País, foram registradas três mortes: duas em Roraima e uma no Amazonas. Em Roraima, um caso suspeito de morte pela doença ainda está em investigação.

De acordo com o balanço, os surtos estão relacionados à importação. “Isso ficou comprovado pelo genótipo do vírus (D8) que foi identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela”, diz a nota.

No entanto, apesar de o vírus ter sido trazido pelos venezuelanos, a doença poderia ser prevenida se a taxa de cobertura vacinal estivesse acima da meta estabelecida pela pasta, já que o Brasil dispõe de imunizantes disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde.

Ainda segundo a pasta, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (um), Rio Grande do Sul (oito); e Rondônia (um). Até o momento, o Rio de Janeiro informou ao Ministério da Saúde, oficialmente, sete casos confirmados.

“Cabe esclarecer que as medidas de bloqueio de vacinação, mesmo em casos suspeitos, estão sendo realizadas em todos os estados”, diz o ministério.

Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo . Segundo o ministério, o Brasil está empreendendo esforços para interromper a transmissão dos surtos e impedir que se estabeleça a transmissão sustentada. “Para ser considerada transmissão sustentada, seria preciso a ocorrência do mesmo surto por mais de 12 meses", diz a pasta.

Surtos de sarampo podem ser contidos com vacinação

Oferecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde para todos os estados, as vacinas tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) e tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação e estão disponíveis ao longo de todo o ano nos postos de saúde em todo o país.

“É importante ressaltar que não há necessidade de corrida aos postos de saúde, já que as ações para controle do surto da doença, como bloqueio vacinal, nas localidades acometidas por casos de sarampo estão sendo realizadas com rigor”, diz nota divulgada pela pasta.

Neste momento, o Ministério da Saúde está intensificando a vacinação das crianças, público mais suscetível à doença. “Entretanto, adultos não vacinados devem receber a vacina prioritariamente em locais onde há surto da doença, como em Roraima e Manaus (AM). Pessoas que já completaram o esquema, conforme preconizado para sua faixa etária, não precisam novamente receber a vacina”, acrescenta o ministério.

Crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade têm que receber uma dose aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses de idade (tetra viral). Crianças entre 5 anos e 9 anos de idade que não foram vacinadas anteriormente devem receber duas doses da vacina tríplice com intervalo de 30 dias entre as doses.

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A campanha nacional de vacinação será realizada entre 6 e 31 de agosto, sendo o dia D no sábado (18). O público-alvo dessa estratégia são crianças de 1 ano a menores de 5 anos.

Segundo o ministério, a meta de vacinação contra o sarampo é de 95%. Dados preliminares referentes ao ano passado indicam que a cobertura no Brasil foi de 85,21% na primeira dose (tríplice viral) e de 69,95% na segunda dose (tetra viral).

Doença atinge particularmente crianças

Em 2016, especialistas anunciaram que surtos de sarampo não eram mais registrados nas Américas
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Em 2016, especialistas anunciaram que surtos de sarampo não eram mais registrados nas Américas

Em 2017, países vizinhos sofreram com surtos de sarampo, principalmente a Venezuela, que deixou de imunizar a população por questões políticas e econômicas. O governo brasileiro chegou a alertar sobre o risco da doença e reforçou o aviso sobre a importância de tomar a tríplice viral.

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa. Complicações infecciosas contribuem para a gravidade do quadro, particularmente em crianças desnutridas e menores de um 1 ano de idade.

Os sintomas incluem febre alta acima de 38,5°C; erupções na pele; tosse; coriza; conjuntivite; e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal, conhecidas como sinais de Koplik e que antecedem de um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea.

A transmissão do sarampo acontece de quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema (erupção cutânea). O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início da erupção cutânea.

Casos aumentam em todo o mundo

Casos de sarampo e poliomielite voltam a aumentar em todo o mundo  em 2017, após queda em 2016. As informações são do relatório divulgado pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Os números mostram que, nos quatro primeiros meses deste ano, foram registrados 79.329 casos de sarampo , contra 72.047 no mesmo período de 2017. Em relação à poliomielite, foram 54 casos a mais do que em 2016, o equivalente a 96 casos.

Outras doenças como difteria e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) também foram citadas pela organização. A primeira foi notificada mais de 16 mil vezes, com um aumento de mais de 9 mil casos comparados a 2016. Destes, 872 aconteceram na região das Américas.

Já a SRC, que é quando a infecção pelo vírus da rubéola acontece durante a gestação, geralmente no primeiro trimestre, pode comprometer o desenvolvimento do feto e causar aborto, morte fetal e anomalias congênitas. Em 2017 foram 830 casos, 367 a mais do que no ano anterior.

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A OMS ressalta que todas essas doenças podem ser prevenidas com vacinas e que mais casos podem ter acontecido no mundo, tendo em vista que nem sempre é possível informar os dados com precisão.

*Com informações da Agência Brasil

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