Coletiva do Ministério da Saúde
Foto: Reprodução/Ministério da Saúde
Coletiva do Ministério da Saúde

Após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro, dias depois de ter recebido a vacina da Oxford/AstraZeneca, o Ministério da Saúde decidiu interromper temporariamente a vacinação de grávidas e puérperas com o imunizante produzido no Brasil pela Fiocruz. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa do Ministério da Saúde nesta terça-feira (11). 

O objetivo é investigar possíveis eventos adversos nestas mulheres após a aplicação das doses. Apesar da decisão, ainda não há estudos que comprovem a relação da vacina com o óbito da grávida. Uma investigação está em andamento.

A pasta orientou que a vacinação de  grávidas e puérperas que não tenham comorbidades também seja suspensa, independentemente da vacina a ser aplicada. Para as mulheres com comorbidades, a vacinação com as doses da CoronaVac e da Pfizer deve ser mantida. 

Segundo o Ministério da Saúde, 408 reações adversas suspeitas foram registradas, mas só 11 foram consideradas graves. Desses, sete já foram investigados e não tiveram relação com o imunizante. O óbito ainda não consta no sistema. Todos os casos são registrados como suspeitos de terem relação com a vacina e estão em investigação.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Franciele Francinato, explicou que enquanto a proporção de trombose e AVC pela vacina está em 1 caso a cada 100 mil, o número de óbitos em grávidas pela Covid-19 é de 20 por 100 mil.

"É uma cautela que o programa nacional de imunizações têm até o fechamento do caso. Podem ocorrer eventos adversos raros que não foram identificados no estudos de fase 3. Mas já foi descrito e é um evento extremamente raro. É importante que se vacine porque o risco de óbito por covid é muito maior", explicou a coordenadora.

Ao todo, 22 estados já suspenderam a vacinação. A pasta informou que 22.295 grávidas foram vacinadas contra a Covid-19 a partir de 23 de março: 3.414 receberam a CoronaVac, 15.014, a Covishield e 3.867 a da Pfizer.

O caso

A mulher grávida, de 35 anos, que não teve o nome revelado, morreu no Rio de Janeiro após dar entrada em um hospital particular no último dia 5 de abril com um quadro grave de trombose em uma veia do cérebro. Ela e o bebê morreram na segunda-feira (10).

"Esse caso está em fechamento, faltam alguns detalhes em relação a exames laboratoriais que estão em investigação para o fechamento conclusivo deste caso", acrescentou Franciele Francinato.

Jorge Kalil, consultor do Programa Nacional de Vacinação, destacou que não está confirmada a relação do caso com a vacina e que os eventos adversos deste tipo são raros. "De forma alguma nós gostaríamos que se tivesse a ideia de que essa vacina causa problemas em mulheres grávidas. Não é assim. Esta vacina pode ter casos de trombose, são casos raríssimos, ocorrem em mulheres em idade fértil e que varia de 1 para 100 mil ou 1 para 500 mil pessoas vacinadas".

Anvisa

Hoje (11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou em nota que a recomendação para suspender a aplicação da vacina AstraZeneca contra Covid-19 em grávidas foi feita pelo órgão após a notificação da morte suspeita de uma gestante de 35 anos.

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"Foi notificada à Anvisa, na última sexta (07 de maio de 2021), pelo próprio fabricante da vacina Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, a Fiocruz, a suspeita de evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico com plaquetopenia ocorrido em gestante e óbito fetal", informou a agência.

De acordo com o órgão, a gestante morreu em 10 de maio e o caso ainda é investigado. "O evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico foi avaliado como possivelmente relacionado ao uso da vacina administrada na gestante", diz a Anvisa. 


Por meio de nota, a AstraZeneca explicou que "grávidas ou mulheres amamentando foram excluídas dos estudos clínicos". "Referente a suspensão do uso da vacina AstraZeneca/Fiocruz por parte da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a AstraZeneca esclarece que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos. Esta é uma precaução usual em ensaios clínicos. Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal", diz resposta da empresa.

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