Tomar aspirina a cada três dias evita enfarte e complicações gastrointestinais

Tratamento diário, que pode ser recomendado por especialistas, apesar de gerar benefícios acaba causando também problemas gastrointestinais

Acido acetilsalicílico é conhecido pela capacidade de evitar que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos
Foto: Pixabay
Acido acetilsalicílico é conhecido pela capacidade de evitar que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos

Um dos tratamentos feitos por quem tem maior risco de sofrer enfarte e AVC é tomar diariamente aspirina. O problema é que, junto com os benefícios do medicamento, pode ocorrer também complicações gastrointestinais.

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Um estudo feito por pesquisadores brasileiros, porém, conseguiu uma alternativa: trocar a dose diária de aspirina pela administração a cada três das. Os efeitos benéficos foram os mesmos, e outras partes do organismo dos pacientes não foram afetadas.

"Medimos uma substância produzida no estômago chamada prostaglandina, que é um protetor gástrico. Quando o paciente toma todos os dias, ocorre uma redução de 50% dessa substância. Ao tomar de três em três dias, não ocorre a diminuição e se mantém a eficácia da aspirina", diz o coordenador da pesquisa, Gilberto De Nucci, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

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Mais conhecido como aspirina, o ácido acetilsalicílico (AAS) é conhecido pela capacidade de "afinar o sangue", como é chamado popularmente o seu potencial de evitar que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos. "Ele inibe a atuação das plaquetas, que estão entre os responsáveis pela coagulação do sangue. Atua como um antiagregante", explica Marcus Vinícius Bolívar Malachias, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

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Estudo

Os especialistas acompanharam 28 pacientes saudáveis para avaliar as consequências do uso intervalado do AAS. Para eles, o maio benefício foi evitar complicações que costumam ser silenciosas.

"A aspirina causa irritação gástrica que não necessariamente tem sintomas e o paciente pode ser surpreendido, mesmo com doses baixas, por hemorragia gástrica apesar do uso de protetores gástricos", afirma De Nucci.

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O estudo recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e da Biolab Farmacêutica e foi publicado no periódico The Journal of Clinical Pharmacology.

Futuro

Malachias afirmou que mais pesquisas devem ser feitas até que os médicos comecem a receitar a dose intervalada. "A pesquisa é de uma inteligência imensa e grande originalidade. O ideal é que o modelo seja replicado na vida real, mas é importante que sejam realizados mais testes. A maioria da população deve continuar tomando todos os dias. Há um longo caminho, mas abre a perspectiva para os intolerantes à aspirina diária."

*Com informações do Estadão Conteúdo