"Minha aparência melhorou", diz jornalista que ficou 4 semanas sem usar sabonete
O inglês Adam Lee-Potter aceitou o desafio e só podia usar sabonete quando fosse lavar as mãos. Ele e a mulher falam sobre a experiência "diferente"
Por iG São Paulo |
Álcool em gel, sabonetes antibacterianos, lenços umedecidos: são diversos os novos produtos para higiene. Mas será que estamos vivendo em um período de excessos até mesmo em relação à nossa saúde?
Para saber o quanto estes produtos afetam nosso organismo, o jornalista Adam Lee-Potter ficou quatro semanas sem usar sabonete e desodorante ou antitranspirante. “ Nossa preocupação com limpeza talvez não seja uma boa ideia . Mais pesquisas precisam ser feitas, mas nós precisamos das bactérias tanto quanto elas precisam de nós”, afirmou Dr. Adam Roberts, da University College London, segundo a reportagem publicada no site "Daily Mail".
O jornalista que aceitou o desafio só estava liberado para usar sabonete quando fosse lavar as mãos, algo essencial após preparação de comidas. Ele também podia usar óleo de barbear e shampoo.
Para que fosse possível avaliar a evolução das bactérias no organismo de Lee-Potter, semanalmente, ele coletava amostras da camada mais superficial da pele com o uso de hastes flexíveis. As regiões analisadas foram da parte externa do nariz, costas, axila, virilha e entre os dedos dos pés, locais onde há maior concentração de diversos tipos de bactérias.
Resultado
De acordo com o laboratório que analisou as amostras, em Amsterdã, na Holanda, ocorreu uma “explosão” de bactérias no corpo de Lee-Potter. E não só em quantidades, mas também em relação aos tipos. Se no início do teste havia 192 tipos de bactérias, no fim eram 234.
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“Diversidade está associada à resistência. Uma comunidade de microorganismos diversa é menos propensa a infecções”, explicou Dries Budding, microbiologista da Vrije Universiteit Amsterdam. Ele diz ainda que, desde os anos 70, as taxas de alergia como o eczema aumentaram, e isso pode estar relacionado a um maior uso de sabonetes pela população em geral.
Dia a dia
“O fato é que quatro semanas sem se lavar com sabonete é muito tempo para alguém que gosta de estar limpíssimo”, declarou Lee-Potter. Ele manteve o experimento em segredo de seus colegas de trabalho e mudava de camisa cerca de duas ou três vezes por dia, além de nunca tirar o casaco.
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“Tudo ia bem até o quinto dia, quando minha mulher disse: ‘você cheira bem hoje’. Perguntei se como um ursinho de pelúcia ou molho doce de peixe. Ela admitiu que como o último.”
Lee-Potter contou que o tempo e o estresse do dia a dia influenciavam no seu cheiro. Ele passou a evitar alho também. “Havia dias que era difícil relaxar.”
No final da experiência, tanto ele quanto a mulher se acostumaram o novo estilo de vida do jornalista. Os colegas de trabalho afirmaram que não suspeitaram de nada, apesar de uma ter achado estranho ela ficar mudando de camisas e não tirar o casaco.
“Depois de quatro semanas, minha pele estava ótima: clara e elástica, sem pontos secos. Minha mulher achou que minha aparência melhorou também.”
O jornalista disse também que se sentiu estranhamente livre, além disso, ninguém se afastou dele, como temia no início do experimento. O cheiro das axilas estava melhor do que ele e a mulher esperavam, e a razão disso pode ser explicada pelo próprio aumento de diferentes tipos de bactérias na região.
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Outra mudança foi percebida na região da virilha, onde o número de bactérias associadas ao intestino cresceu mais de dez vezes. Apesar de já ser sabido que elas são boas dentro do organismo, os médicos ainda não sabem o efeito delas na pele. Mas pode, sim, influenciar no cheiro do local.
Apesar de alguns especialistas defenderem um mundo livre de sabonetes e desodorantes, o jornalista celebrou o final das quatro semanas. Hoje, ele não usa mais antitranspirantes, e seu gel de banho que, antes, durava apenas um mês, pode ser usado seis vezes mais agora.