Adolescente com doença rara se torna "alérgica a quase tudo"

Síndrome de ativação dos mastócitos obrigou Martina Baker, de apenas 15 anos, a viver isolada do mundo; cachorra treinada mudou a vida da jovem

Doença rara faz a jovem Martina Baker ter reações alérgicas a quase tudo
Foto: Reprodução
Doença rara faz a jovem Martina Baker ter reações alérgicas a quase tudo

Uma doença rara faz com que uma adolescente norte-americana de 15 anos tenha graves reações alérgicas a coisas simples como o calor ou o cheiro de comidas, produtos de limpeza, flores e até grama recém cortada.

Leia também: Mulher que acreditava estar "possuída" tinha  uma grave doença no cérebro

Martina Baker, que vive na cidade de Wiscasset, no estado do Maine, sofre de síndrome de ativação dos mastócitos, uma doença rara no sistema imunológico que faz com que o organismo tenha reações alérgicas a substâncias inofensivas.

A condição da adolescente é especialmente grave, uma vez que as reações são fortes e a fazem entrar em choques anafiláticos potencialmente fatais caso não sejam rapidamente tratados com uma injeção de epinefrina. A condição não tem cura e não se sabe quais são as causas da doença.

Até dois anos e meio atrás, Martina vivia uma vida normal e não apresentava qualquer sintoma. "Eu nunca fui alérgica a nada, até que um dia acordei com o meu corpo cheio de urticárias", relembra. Já desta vez, a jovem entrou em choque anafilático e precisou ser levada ao hospital. "Ela ficava com a garganta inchada e nós a levavamos para o hospital cerca de três vezes por semana", conta Loretta Morse, mãe da adolescente.

Depois de meses indo ao hospital sem uma resposta , Martina foi levada para um imunologista em Massachusetts, que finalmente a diagnosticou com síndrome de ativação dos mastócitos e iniciou o tratamento. No entanto, com reações muito severas, a menina foi obrigada a deixar a escola e a sair cada vez menos de casa. 

Em 2018, Martina foi obrigada a viver com amigos durante duas semanas após entrar em choque por conta do cheiro de um gambá que estava do lado de fora de sua casa. Nesse período, a família da jovem selou completamente o quarto.

Leia também: Fake news das antigas, movimento antivacina segue com força nas redes sociais

A rotina da casa também teve que mudar: na limpeza, os produtos químicos deram lugar ao vinagre e os perfumes foram banidos da casa. Na cozinha, apenas comidas sem cheiros fortes. Para grelhar carnes, a família montou uma estação do lado de fora.

O sistema de aquecimento da casa também não pode ser ligado nos comodos por onde Martina circula. Em um dos estados mais gelados dos Estados Unidos , a jovem precisa encarar o frio, uma vez que tem reações alérgicas a temperaturas altas. Para sair de casa, a adolescente precisa utilizar uma máscara para evitar sentir cheiros.

Cachorra ajuda a adolescente a conviver com a doença rara

Foto: Reprodução
Cachorra especialmente treinada ajuda jovem a conviver com a doença rara

Após descobrir a condição e começar o tratamento, Martina encontrou em uma cachorra especialmente treinada a janela para uma vida mais normal. Ensinada por uma especialista em síndrome de ativação dos mastócitos do Arizona, a cadela Caiomhe consegue sentir os cheiros que vão engatilhar reações alérgicas à nova dona e, portanto, consegue guiá-la por locais públicos como supermercados e o shopping. Além disso, Caiomhe é capaz de saber se Martina está prester a entrar um choque, pois sente o cheiro da histamina liberada pelo organismo da jovem.

"O nariz de um cão é 100 mil melhor que o de uma pessoa e ele pode sentir qualquer reação bioquímica nos nossos corpos", explica Jamie Robinson, que treinou o animal.

O animal custou U$ 12 mil, que foram arrecadados pela família através de uma campanha de financiamento coletivo na internet. "Caiomhe mudou completamente a minha vida, eu me sinto muito mais segura com ela por perto e posso ter uma vida social novamente", conta Martina, que, em apenas dez dias com a nova companhia, já visitou a praia e conseguiu ir ao cinema.

"Eu sinto como se Caiomhe fosse destinada a ser o anjo da guarda da minha filha", conta Loretta. "Nas fotos delas juntas, eu veja que ela está feliz e aproveitando a vida. A chama que estava faltando e que foi tirada dela por essa doença rara foi trazida de volta de um jeito novo e maravilhoso", se emociona a mãe da jovem.