Fertilização in vitro pode aumentar risco de câncer de mama, diz estudo

Estudo da Universidade de Copenhagen comparou dados de 60 mil mulheres que realizaram fertilização in vitro com os de outras 600 mil; veja detalhes

Um estudo realizado pela Universidade de Copenhagen trouxe conclusões que podem mudar drasticamente o campo da saúde reprodutiva, principalmente no que diz respeito aos tratamentos de fertilização in vitro.

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A fertilização in vitro em mulheres com mais de 40 anos significou um aumento de risco de câncer de mama

Segundo o jornal britânico Independent , a pesquisa reuniu dados de mais de 600 mil mulheres dinamarquesas entre 1994 e 2015 que deram à luz após os 40 anos. Desse total, cerca de 60 mil haviam feito tratamentos como fertilização in vitro (FIV).

Após analisar os dados, a descoberta foi que as mulheres que realizaram algum tratamento de fertilidade apresentaram uma chance 65% mais alta de serem diagnosticadas com câncer de mama .

E, embora o total de casos diagnosticados tenha sido baixo, chegando a pouco menos 3,9 mil, a porcentagem subiu de 0,6% para 0,8% em mulheres que haviam se submetido a FIV.

Isso porque, para estimular a ovulação, as mulheres precisam tomar fortes medicações, as quais acabam por aumentar a produção de estrógeno , hormônio responsável pela produção de tecido na mama. De acordo com o Independent , isso pode também aumentar as chances do surgimento de células cancerígenas.

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O que dizem os especialistas sobre a fertilização in vitro e o câncer de mama

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Especialista e obstetra defende que, apesar da dimensão do estudo, ele não pode ser considerado conclusivo

Para Geraldo Caldeira, obstetra e especialista em reprodução humana pela Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), apesar da dimensão do estudo, ele não pode ser considerado conclusivo. "Acho que é um primeiro estudo e que vamos precisar de mais estudos para ter certeza de qual hormônio usar durante a estimulação ovariana", observa.

Segundo o obstetra, é importante que pesquisas complementares sejam realizadas para que o número crescente de mulheres na faixa dos 40 anos que procuram as clínicas de reprodução sejam melhor atendidas.

Além disso, eles podem ajudar a separar casos que foram realmente causados pelos estímulos hormonais do tratamento de outros que se devem a fatores diversos, como a predisposição genética. "O câncer de mama tem fator genético importante, não é só estrógeno-dependente", exemplifica Geraldo.

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Portanto, embora o estudo represente um avanço importante para o aperfeiçoamento de técnicas reprodutivas como a fertilização in vitro para reduzir efeitos colaterais danosos, ele é só mais uma etapa dessa tarefa.