Leitos de UTI em São Paulo podem acabar nesta segunda (15), diz infectologista

Membro do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, Marcos Boulos ressaltou importância de uma paralisação de 30 dias para conter o avanço da pandemia

Foto: Rogerio Santana
Ocupação de leitos cresce exponencialmente no estado de São Paulo

Nesta sexta-feira (12), a Secretaria Estadual da Saúde do Estado de São Paulo divulgou dados preocupantes sobre a  ocupação dos leitos de UTI para pacientes Covid-19, com 49 dos 150 municípios já alcançando 100% da ocupação. Caso a tendência se mantenha, especialistas dizem que as vagas nas Unidades de Terapia Intensiva exclusivas para o combate à pandemia devem acabar até esta segunda-feira (15).

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP e membro do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, ressaltou a importância da implementação de um " lockdown  severo" de 30 dias para evitar que a situação piore ainda mais, mas que isso depende da colaboração da população. 

Questionado sobre a possibilidade das unidades de Saúde começarem a "escolher quem salvar", ele afirmou: "em vários lugares do estado e no Brasil, já. Aqui na capital, em alguns hospitais, também. A gente brinca de Deus. Esse aqui tem alguma chance, vamos colocar na UTI ; esse não tem, deixa fora da UTI. Isso leva não só a uma questão ética muito grave como a depressão profunda no pessoal da saúde que faz o atendimento".

Para ele, a velocidade de vacinação é lenta, mas "dentro do imaginado" pela baixa quantidade de vacinas até o momento. Sobre o lockdown ser a melhor opção de combate ao vírus, foi incisivo: "você precisa do Exército na rua para evitar a circulação, e o presidente já disse que não usaria o Exército para as pessoas pararem de trabalhar".