SP tem falta de kit intubação e acusa Saúde de ignorar apelos, diz jornalista

Governo de São Paulo enviou ofício ao Ministério da Saúde na terça (13) afirmando que precisa receber medicamentos do kit intubação em 24 horas para repor estoques e evitar o desabastecimento

Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
SP tem falta de kit intubação e acusa Saúde de ignorar apelos, diz jornalista

O governo de São Paulo enviou um ofício ao  Ministério da Saúde, nesta última terça-feira (13), afirmando que precisa receber, de maneira urgente, medicamentos do 'kit intubação' em 24 horas para repor estoques e evitar o desabastecimento nos hospitais do estado. A informação foi publicada na manhã desta quarta-feira (14) pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, da 'Folha de S. Paulo'.

"A situação de abastecimento de medicamentos, principalmente daqueles que compõem as classes terapêuticas de bloqueadores neuromusculares e sedativos está gravíssima, isto é, na iminência do colapso, considerando os dados de estoque e consumo atualizado pelos hospitais nesses últimos dias", afirmou um documento do secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.

Ainda segundo o documento, "a partir dos próximos dias" vai faltar medicamentos, caso nada seja feito. Os medicamentos tem o objetivo de aliviar a dor dos pacientes e fazer com que os médicos consigam entubar pessoas que estão em situação mais grave. Sem os tais medicamentos, os pacientes não suportariam as dores do procedimento e do uso dos aparelhos.

Segundo a coluna, Gorinchteyn afirmou no documento que há mais de 40 dias vem formalizando "reiteradamente" ao Ministério da Saúde solicitações para o envio dos kits necessários para que o sistema de saúde do estado não entre em colapso.

Segundo o texto, já foram enviados nove ofícios ao governo federal, mas nenhum deles ainda obteve retorno sobre as solicitações. O secretário ainda afirmou que tem enviado informações diárias sobre estoques ao ministério, mas não tem sido atendido. A quantidade de drogas enviadas ao estado foi até agora "ínfima", segundo ele.

"O Ministério da Saúde mantém o mercado produtor nacional requisitado administrativamente desde o mês de março, prejudicando e dificultando o acesso dos hospitais, municípios e desta pasta aos fabricantes do kit intubação", disse Gorinchteyn.

E completou: "O Ministério da Saúde manteve o Estado de São Paulo durante 6 (seis) meses sem fornecimento de qualquer quantidade de medicamentos provenientes das requisições administrativas realizadas", segue. E "furta-se a esclarecer qual critério adotado para definir a distribuição dos milhões de unidades farmacêuticas requisitadas, face ao quantitativo ínfimo enviado ao Estado de São Paulo".​

Jean Gorinchteyn afirmou também que o governo estadual está tentando manter o sistema abastecido, mas que apenas os esforços estaduais não são suficientes pois a cadeia produtiva não consegue dar conta da demanda. Por isso, segundo ele, é imprescindível que o governo federal também atue para adquirir os kits. 

"A centralização da aquisição do kit intubação em âmbito federal é fundamental para equacionar a gestão da disponibilidade dos medicamentos no mercado nacional, frente às demandas dos estados considerando a competição de mercado instalada entre os vários gestores de todo país, neste cenário de escassez de produtos", afirmou o secretário.

No final, Gorinchteyn lista a quantidade de quatro bloqueadores neuromusculares, de três fármacos para sedação contínua e de um fármaco para analgesia "em até 24 horas, para suprir o abastecimento de 643 hospitais para os próximos dez dias".