"Brasil é uma fábrica de variantes", diz ex-reitor da UfPel sobre o coronavírus

Epidemiologista Pedro Hallal afirma que o Brasil se tornou uma "ameaça global" na pandemia da Covid-19

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Pedro Hallal disse que Bolsonaro tem parte da responsabilidade pelo surgimento de novas variantes no Brasil

O ex-reitor da Universidade de Pelotas (UfPel) Pedro Hallal disse em entrevista ao iG nesta terça-feira (27) que o "Brasil já é uma fábrica de variantes" do novo coronavírus (Sars-CoV-2). O comentário foi feito durante a live Em Cima do Fato , encontro semanal do portal que sempre debate temas quentes do noticiário.

Para o especialista, hoje o País representa uma "ameaça global" do ponto de vista sanitário e epidemiológico. "O Brasil já é uma fábrica de variantes. A gente não ouviu falar da variante da Nova Zelândia, da variante australiana. E a gente não vai ouvir falar porque quanto mais circula o vírus, mais surgem novas variantes. Então, o Brasil representou e continua representando uma ameaça de saúde global por causa disso. Porque era um lugar onde ele não estava mais descontrolado", afirmou Hallal.

Agora, o epidemiologista chama a atenção também para o que acontece na Índia, que nas últimas semanas viu as contaminações e mortes pela Covid-19 dispararem.

"Entrou uma situação que é preocupante duplamente para o Brasil, que é o fato da Índia estar em um momento muito descontrolado. E por que isso é muito preocupante? Primeiro, porque a Índia vai se tornar também uma fábrica de variantes, infelizmente. E o segundo, porque Brasil naturalmente estava ganhando uma atenção da comunidade internacional para receber ajuda. E agora essa atenção voltou para a Índia e vai ficar na Índia", disse.

Na visão, dificilmente o País dificilmente vai conseguir recuperar a atenção que tinha antes do colapso na Índia. "O Brasil não tem condição diplomática hoje de ter um apelo internacional como a Índia tem. Então, além de ser ruim para a saúde global, é ruim para o Brasil o que está acontecendo na Índia. Mas o Brasil já é uma fábrica de variantes. A gente tem que agradecer que ainda não surgiu uma variante que escape completamente das vacinas atuais. Por enquanto, também não apareceu uma variante muito agressiva com crianças", completou.