Ritmo da vacinação pode aumentar até 10% por dia se expandida à população geral

Carlos Lula, presidente do Conass, afirma que aval do Ministério da Saúde vai liberar estoques que alguns municípios tinham por baixa demanda dos grupos prioritários

Foto: Reprodução: Cidade ON
Ritmo da vacinação pode aumentar se diretriz de expandir para a população geral for acatada

 A nova diretriz do Ministério da Saúde, que liberou a vacinação para a população em geral por idade decrescente caso não haja demanda por parte dos grupos prioritários, poderá acelerar a imunização em até 10% por dia. A estimativa é do presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Carlos Lula. A média dos últimos cinco dias úteis foi de 830 mil doses (somando a primeira e segunda) aplicadas por dia, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa que monitora números da Covid-19. Na previsão do representante dos gestores estaduais, portanto, o país tende a incrementar a vacinação em cerca de 80 mil aplicações diárias adicionais, considerando a média da segunda a sexta-feira passadas.

Os principais avanços devem ocorrer em locais onde o público-alvo da vacinação estimado não tem procurado os postos de atendimento. Cidades do Acre, por exemplo, vêm vivenciando esse fenômeno, com o estado acumulando mais de 18 mil doses armazenadas , segundo balanço da semana passada. O problema pode ter relação com falta de interesse e desconfiança da população ou com estimativas equivocadas, já que não há um número exato de pessoas com comorbidades.

Sem o aval do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, os gestores não podiam dar outra destinação à vacina que vem sobrando nos postos de saúde e outros ponto de atendimento, explica Lula.

— Tinha município aguardando a diretriz do Ministério da Saúde e com a vacina estocada — afirma o presidente do Conass.

Presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Willames Freire destaca que a aceleração do ritmo de aplicação dependerá também do quantitativo de vacinas que os estados e cidades terão à disposição nas próximas semanas. A diretriz, no entanto, é apontada por ele como acertada para que os fluxos mais imediatos continuem.

— O objetivo é não ficarmos com vacina na geladeira. Se houver baixa procura nos grupos de comorbidade e professores, que possamos expandir para os demais públicos dentro da ordem estabelecida — explica Freire.

O Ministério da Saúde anunciou, na semana passada, que os grupos prioritários continuam a ter preferência na fila da vacina, mas que, de "maneira concomitante", será iniciada a imunização da população geral. Nota técnica da pasta destaca que "Estados e Municípios que não apresentam demanda ou tenham demanda diminuída para vacinação dos grupos com maior vulnerabilidade e trabalhadores de educação, poderão pactuar em Comissão Intergestores Biparte a adoção imediata da estratégia de vacinação segundo a faixa etária em ordem decrescente de idade garantindo o percentual para continuidade da vacinação dos demais grupos prioritários".

Portanto, a decisão de expandir a vacinação para a população geral ficará a cargo de cada gestão local, após o aval do Ministério da Saúde. O GLOBO perguntou à pasta sobre estimativa de aceleração no ritmo da vacinação após a medida, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Na sexta-feira, detalhes das novas diretrizes foram apresentadas pelo Ministério da Saúde. Um deles foi a inclusão dos trabalhadores da educação na lista de prioridade da vacina. A medida já foi tomada em vários pontos do país, de acordo com a autonomia de cada estado e município. A outra foi a orientação para expandir a imunização à população geral por idade, caso não haja demanda pelas parcelas prioritárias. A justificativa é acelerar a aplicação das doses.