Covid-19: '75% das vacinas foram para apenas 10 países', diz diretor da OMS

Tedros Ghebreyesus alerta que planos de imunidade coletiva da OMS dependem de uma melhor distribuição das doses entre as nações

Covid-19: '75% das vacinas foram para apenas 10 países', diz diretor da OMS
Foto: Pixabay
Covid-19: '75% das vacinas foram para apenas 10 países', diz diretor da OMS

Em uma reunião a portas fechadas nesta semana, na Suiça, entre empresas farmacêuticas, governos, OMC e especialistas, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, fez um alerta preocupante em relação ao rumo que a distribuição de vacinas contra a Covid-19 tomou. Segundo o diretor, "75% das vacinas foram para apenas 10 países". As informações são do jornalista Jamil Chade, do portal Uol.

"Mais de 3,5 bilhões de vacinas foram distribuídas globalmente. Mas mais de 75% delas foram para apenas dez países", alertou Tedros Ghebreyesus.

A meta da OMS é de vacinar ao menos 10% da população de cada país até setembro e 40% até o final do ano. Para 2022, objetivo é o de atingir 70% da população de cada país imunizada contra a Covid, o que significaria uma imunidade coletiva.

Para esses números de imunização serem atingidos, o diretor-geral da OMS admite que precisa de 11 bilhões de doses de vacinas e uma distribuição mais justa entre as nações.

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, também apontou para o fracasso na solidariedade global em relação à distribuição de doses. "A desigualdade de vacinas está ficando pior", alertou.

Números

Em números absolutos, a China lidera na quantidade de doses. Para o país asiático já foram dadas 1,4 bilhão de doses, contra 418 milhões na índia e 339 milhões nos EUA. O Brasil aparece na quarta posição, com 128 milhões de doses, mas apenas 17% da população atendida de maneira completa.

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Veja o restante da lista a seguir:

  • Alemanha, (87 milhões de doses e 48% da população atendida)
  • Reino Unido (82 milhões de doses e 54% da população)
  • Japão (74 milhões de doses e 23% da população)
  • França (65 milhões e 42%)
  • Turquia (64 milhões de doses e 26% da população)
  • Itália (63 milhões de doses e 45% da população)

Segundo a OMS, países com elevadas taxas de vacinação conseguiram reduzir o número de mortos. Nos EUA, por exemplo, o número de óbitos por dia caiu de mais de 3 mil casos em fevereiro para menos de 200 nas últimas semanas.

Desigualdade

De acordo com a diretora-geral da OMC, 1,1 bilhão de doses foram produzidas no mundo no mês de junho, mas apenas 1,4% foi destinada para países africanos, que representam 17% da população mundial. Já os países mais pobres do mundo receberam apenas 0,2% das vacinas produzidas no último mês.

"Nos países ricos, 94 doses foram administradas para cada cem pessoas. Na África, são apenas 4,5 por 100 pessoas e, nos países mais pobres, apenas 1,6 por cada cem habitantes", afirmou a diretora.

Como consequência da falta de uma distribuição justa, na África, apenas 20 milhões de pessoas estão imunizadas com duas doses, o que significa apenas 1,5% da população do continente. Nos países ricos, a taxa é de 42%.

O consórcio Covax Facility, que foi criado justamente para distribuir vacinas aos países mais pobres do mundo, conseguiu enviar apenas 134 milhões de doses, o que é abaixo do esperado. A meta de atingir 2 bilhões de doses até o final do ano é considerado como um cenário irrealista, muito por causa da defasagem na produção de imunizantes.

A esperança da OMC é de que, até o final do ano, a produção de vacinas possa chegar a 11 bilhões de doses.