Covid: Ministério da Saúde promoveu, até abril, apenas um tweet sobre vacinação
Levantamento de agência especializada mostra que, de fevereiro de 2020 a 31 de abril deste ano, pasta privilegiou campanhas contra outras doenças, como gripe e sarampo entre os 85 conteúdos que pagou para que alcançassem mais usuários no Twitter
Em meio à pandemia do coronavírus, entre 1 de fevereiro de 2020 e 31 de abril deste ano, o Ministério da Saúde promoveu apenas uma publicação no Twitter sobre vacinação contra a Covid-19, entre 85 postagens que pagou para que alcançassem mais pessoas na plataforma. Os dados são da agência especializada no acesso a informações públicas Fiquem Sabendo, que obteve as estatísticas da página da pasta na rede social por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Ao todo, foram 4.896 tweets publicados pelo Ministério nesse período, segundo o levantamento. Entre os 85 conteúdos impulsionados para alcançar mais usuários, 33 abordaram outras campanhas de imunização. Do total, 30 foram sobre a Covid-19 de forma geral.
Sobre a vacinação contra a gripe, foram 14 publicações pagas, e 10 sobre o sarampo. As campanhas contra poliomielite e febre amarela também foram mencionadas entre os conteúdos promovidos.
A campanha de vacinação contra Covid-19 teve início no Brasil em 17 de janeiro deste ano. A única publicação sobre o tema promovida pela pasta, de acordo com o levantamento, foi realizada em 16 de março:
A vacinação contra a Covid-19 continua. Lembre-se também de continuar com todos os cuidados, como lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel e, ao sair de casa, usar máscara. Se sentir sintomas, procure um médico. Saiba mais em https://t.co/Ct4v67X31I pic.twitter.com/2kbtltKeDw
— Ministério da Saúde (@minsaude) March 17, 2021
O GLOBO pediu uma resposta sobre a estratégia do Ministério da Saúde, mas não teve retorno até o momento.
Cloroquina e 'tratamento precoce'
O levantamento também aponta que a pasta publicou pelo menos 62 tweets, entre pagos e sem custo, sobre cloroquina e o chamado "tratamento precoce", defendido pelo presidente Jair Bolsonaro diversas vezes durante a pandemia, em referência a medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.
Os termos "Covid", "pandemia" e "coronavírus" não estão entre os mais usados nos tweets do Ministério da Saúde, segundo análise das mais de 4 mil publicações, realizada pela jornalista e doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rafaela Mazurechen Sinderski, a pedido da Fiquem Sabendo.