Entidades médicas cobram Ministério da Saúde por medidas contra kit covid

Grupo pediu para que a pasta publique o protocolo que contraindica uso das substâncias que não têm eficácia comprovada

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Protocolo está parado no Ministério da Saúde

Liderado pela Associação Médica Brasileira (AMB), um grupo de entidades médicas cobrou celeridade do Ministério da Saúde na decisão sobre o banimento do kit covid no SUS.

O grupo, que já elaborou pareceres sobre protocolos de tratamento na pandemia para a pasta, pediu para que o protocolo já aprovado que contraindica o uso dos medicamentos sem eficácia comprovada, como a hidroxicloroquina e a azitromicina, em pacientes hospitalizados.

"Esse assunto é mais ou menos como jabuticaba. Só aqui (no Brasil) se discute. Assunto está superado mundo afora", disse o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, em entrevista concedida à Folha.

O órgão responsável pelo debate sobre os tratamentos utilizados é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), onde o tema foi debatido no último dia 21 de outubro. Mas a votação que deveria decidir o que seria feito acabou empatada.

Na linha de frente de proteção às bandeiras levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro, cinco das sete secretarias do Ministério da Saúde votaram contra o parecer elaborado pelas entidades médicas, contrárias à utilização em casos leves.

A comissão aprovou barrar esse tratamento em casos graves, mas mesmo pronto desde junho, a norma não foi publicada no Diário Oficial.

Fernandes afirma que a "morosidade com que o assunto vem sendo tratado" "causa enorme preocupação".

As entidades ainda criticaram o Conselho Federal de Medicina (CFM), que na Conitec se posicionou contra o parecer do grupo.

Irma Godoy, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia (Sbpt), disse que "não existe quem não defenda a autonomia médica. Mas é autonomia para escolher entre os tratamentos aprovados".

Se aprovado pelo Conitec, o parecer poderia barrar a compra dos medicamentos pelo poder público, e facilitaria para que órgãos de fiscalização questionassem os gestores públicos pelo dinheiro empenhado.