Exercício protege rins contra danos da diabetes, diz estudo brasileiro

De acordo com a pesquisa, isso acontece pela liberação da irisina, um hormônio liberado pelo tecido muscular durante a prática de atividades físicas.

Exercício protege rins contra danos da doença, mostra estudo brasileiro; entenda
Foto: Redação EdiCase
Exercício protege rins contra danos da doença, mostra estudo brasileiro; entenda

Uma rotina de exercícios físicos pode proteger os rins de danos provocados pela diabetes, mostra um estudo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ), publicado na revista científica Scientific Reports. De acordo com o trabalho, isso acontece pela liberação da irisina, um hormônio liberado pelo tecido muscular durante a prática de atividades físicas.

“Nós constatamos que o exercício aeróbico está associado a um aumento da irisina muscular na circulação sanguínea e também nos rins, conferindo nefroproteção”, explica o médico José Butori Lopes de Faria, do Laboratório de Fisiopatologia Renal e Complicações do Diabetes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp), que orientou o estudo , em comunicado.

Os cientistas explicam que a progressão da diabetes leva a lesões nos vasos sanguíneos, artérias e veias que irrigam os rins, podendo causar um quadro de insuficiência renal crônica. Eles decidiram, então, testar os efeitos dos exercícios físicos para evitar esse problema.

Para isso, eles analisaram ratos separados em três grupos: um de animais saudáveis, para controle; o segundo de animais diabéticos sedentários e o terceiro de indivíduos com diabetes que praticavam treinamento físico em uma esteira rolante. O experimento durou oito semanas.

“Vimos que o exercício aeróbico está associado ao aumento da irisina no tecido muscular e na circulação sanguínea, bem como ao aumento da enzima AMPK [proteína quinase ativada por monofosfato de adenosina, que atua como sensor metabólico das células] nos rins, conferindo nefroproteção”, diz Faria.

Em seguida, os pesquisadores deram início à segunda etapa do estudo. Eles injetaram no terceiro grupo, o dos animais que praticavam atividades físicas, uma substância para bloquear a ação da irisina nos rins. Segundo os responsáveis pelo trabalho, essa interrupção coincidiu com um bloqueio também nos efeitos positivos para o órgão observados durante o experimento.

“A falta da irisina aboliu os efeitos protetores do exercício ao rim diabético (...) Pela primeira vez, podemos afirmar que, no diabetes, o eixo irisina/AMPK induzido pelo exercício físico protege as células renais dos efeitos da alta glicose”, escreveram os autores.

Os cientistas realizaram ainda testes com células renais humanas num cenário que simulava a diabetes, cultivadas em laboratório, para investigar o impacto da irisina, além de análises com amostras de sangue de pessoas diabéticas que praticavam exercícios e que eram sedentárias. As conclusões foram positivas, mostrando que o hormônio de fato ativa a enzima AMPK que, por sua vez, protege os rins.

“A resposta foi positiva. Concluímos que o exercício físico aumenta a irisina no músculo e na circulação e que, nos rins, a presença desse hormônio ativa a enzima AMPK, que bloqueia os mecanismos da fibrose renal”, explica Faria.

Essa proteção dos rins associada à enzima AMPK não é novidade. Em um estudo anterior conduzido pelos mesmos pesquisadores, já havia sido demonstrado o papel da proteína em evitar a fibrose renal, um estado de inflamação crônica das células e faz com que percam sua função.

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