60% dos jovens de 5 a 14 anos com HIV no mundo não recebem tratamento

Em 2021, 800 mil meninos e meninas desta faixa etária seguiam sem tratamento para o controle do vírus

Desigualdades de todos os tipos são os maiores obstáculos ao enfrentamento da AIDS no mundo
Foto: Pixabay
Desigualdades de todos os tipos são os maiores obstáculos ao enfrentamento da AIDS no mundo

Seis em cada dez crianças de 5 a 14 anos que vivem com o vírus HIV no mundo não recebem tratamento adequado para o controle da infecção. É o que aponta um novo relatório do UNAIDS, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem a função de criar soluções e ajudar nações no combate à AIDS , publicado nesta terça-feira (29). Em 2021, 800 mil meninos e meninas nessa faixa etária seguiam sem tratamento para o controle do vírus.

O índice de crianças com HIV se deve sobretudo à chamada transmissão vertical, que ocorre quando a gestante passa o vírus para o bebê. Isso pode ser evitado por meio de pré-natal e medicamentos adequados durante a gravidez, mas ainda há pouco conhecimento da população geral sobre o assunto. Também há casos de a gestante nem ao menos saber que é portadora do vírus.

O relatório tem como foco as desigualdades sociais e econômicas, considerados os maiores obstáculos para eliminar a epidemia de HIV e AIDS até 2030 , uma meta estabelecida pelas Nações Unidas. No Brasil, o medicamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas essa não é a realidade do resto do mundo. A questão da transmissão vertical também é mais controlada por aqui em comparação com outros lugares.

A pesquisa aponta ainda que a masculinidade tóxica está presente em regiões com alta incidência de HIV. Nesses locais, as mulheres submetidas à violência por parte de seu parceiro enfrentam um risco 50% maior de infecção pelo HIV.

Em 33 países analisados pelo estudo, de 2015 a 2021, apenas 41% das mulheres casadas, com idades entre 15 e 24 anos, podiam tomar suas próprias decisões sobre saúde sexual. A amostragem diz respeito às regiões da África Subsaariana e outros países com entraves econômicos e sociais. O levantamento mostra que meninas da África Subsaariana são três vezes mais propensas a contrair o HIV do que seus parceiros do sexo masculino.

No Brasil, apesar de o tratamento ser oferecido gratuitamente, a violência de gênero também afeta o enfrentamento à AIDS. Além disso, relatórios mais antigos mostram que as desigualdades raciais nesse quesito são também um problema e seguem em aceleração. Entre 2010 e 2020, a taxa de mortes de negros por HIV no país aumentou 10,6%, enquanto a de brancos caiu 10,6%.

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