Surto de virose no litoral de SP: veja o que se sabe e como se prevenir

A Prefeitura de Guarujá acredita que a contaminação do mar por esgoto clandestino possa ser uma das causas do surto

População deve redobrar cuidados com higiene e alimentação e evitar banho de mar em praias impróprias
Foto: Arquivo
População deve redobrar cuidados com higiene e alimentação e evitar banho de mar em praias impróprias

A Baixada Santista, no litoral de São Paulo , começou 2025 enfrentando um surto de virose , o que gerou discussões sobre as condições de saneamento e o tratamento de esgoto na região. O aumento no número de casos levou ao superlotamento das unidades de saúde e farmácias, que enfrentam escassez de medicamentos.

A Prefeitura de Guarujá acredita que a contaminação do mar por esgoto clandestino possa ser uma das causas do surto. Para investigar o problema, a Sabesp foi notificada sobre possíveis vazamentos, e amostras de água da Praia da Enseada foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz.

De acordo com infectologistas, a virose é um termo genérico utilizado para descrever doenças causadas por vírus que afetam o trato gastrointestinal. Os sintomas mais comuns incluem diarreia, náuseas, vômitos, cólicas e febre. A duração pode variar de um a sete dias, e a desidratação pode ser leve, moderada ou grave.

A transmissão ocorre de maneira fácil, principalmente por alimentos contaminados, superfícies de preparação de alimentos e pelo contato de mãos não lavadas com a boca. Entre os vírus que causam sintomas gastrointestinais, estão o rotavírus, adenovírus e norovírus. Esses vírus são conhecidos por causar surtos, como o que está sendo observado na Baixada Santista.

Tratamento da virose

O tratamento de viroses é diferente do de infecções bacterianas, por isso, é importante não recorrer ao uso indiscriminado de antibióticos. O principal foco no tratamento é o alívio dos sintomas, como náuseas e dores, além de garantir a hidratação do paciente, especialmente com vômitos. Em casos mais graves, como em idosos e crianças pequenas, deve-se ter maior atenção e buscar ajuda médica.

Para a maioria das pessoas, especialmente adultos e crianças mais velhas saudáveis, a virose tende a ser um desconforto passageiro que pode ser controlado com hidratação adequada e uma alimentação mais leve. O quadro normalmente se resolve de forma espontânea em alguns dias.

Número de casos

Em dezembro de 2024, o surto de virose gerou um número expressivo de atendimentos nas unidades de saúde de várias cidades da Baixada Santista:

  • Bertioga: 300 casos registrados pelo Hospital Municipal.
  • Cubatão: 184 atendimentos em janeiro, com dados de dezembro não divulgados.
  • Guarujá: 2.064 atendimentos nas unidades de Pronto Atendimento, comparado a 1.457 em novembro.
  • Itanhaém: 790 casos registrados.
  • Mongaguá: Aumento de 10% no Pronto-Socorro Central e 15% no Hospital Municipal, mas sem números exatos divulgados.
  • Peruíbe: Sem aumento de casos, segundo a Prefeitura.
  • Praia Grande: Aumento de atendimentos nas primeiras semanas de janeiro, mas sem necessidade de contabilizar como surto.
  • Santos: 2.264 atendimentos em dezembro e 273 nos primeiros dias de janeiro.
  • São Vicente: 1.754 casos registrados, com aumento em relação a novembro (1.657). A prefeitura informou que não houve falta de medicamentos nem superlotação.

Prevenção

O governo estadual forneceu uma série de orientações preventivas para evitar a Doença de Transmissão Alimentar (DTA), comum no verão devido ao grande fluxo de turistas. As recomendações incluem:

  • Evitar alimentos mal cozidos e manter os alimentos bem refrigerados.
  • Levar seus próprios lanches durante passeios ao ar livre.
  • Observar a higiene de lanchonetes e quiosques.
  • Lavar bem as mãos antes das refeições.
  • Evitar o consumo de alimentos em self-service sem controle de temperatura.
  • Beber apenas água filtrada e evitar gelo, sucos e água de procedência duvidosa.

Além disso, é importante ficar atento à balneabilidade das praias, que indica se o mar está adequado para o banho. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) divulgou que, das 175 praias monitoradas, 38 apresentavam condições impróprias para o banho, o que pode ter contribuído para o aumento dos casos de virose na região.