A Baixada Santista, no litoral de São Paulo , começou 2025 enfrentando um surto de virose , o que gerou discussões sobre as condições de saneamento e o tratamento de esgoto na região. O aumento no número de casos levou ao superlotamento das unidades de saúde e farmácias, que enfrentam escassez de medicamentos.
A Prefeitura de Guarujá acredita que a contaminação do mar por esgoto clandestino possa ser uma das causas do surto. Para investigar o problema, a Sabesp foi notificada sobre possíveis vazamentos, e amostras de água da Praia da Enseada foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz.
De acordo com infectologistas, a virose é um termo genérico utilizado para descrever doenças causadas por vírus que afetam o trato gastrointestinal. Os sintomas mais comuns incluem diarreia, náuseas, vômitos, cólicas e febre. A duração pode variar de um a sete dias, e a desidratação pode ser leve, moderada ou grave.
A transmissão ocorre de maneira fácil, principalmente por alimentos contaminados, superfícies de preparação de alimentos e pelo contato de mãos não lavadas com a boca. Entre os vírus que causam sintomas gastrointestinais, estão o rotavírus, adenovírus e norovírus. Esses vírus são conhecidos por causar surtos, como o que está sendo observado na Baixada Santista.
Tratamento da virose
O tratamento de viroses é diferente do de infecções bacterianas, por isso, é importante não recorrer ao uso indiscriminado de antibióticos. O principal foco no tratamento é o alívio dos sintomas, como náuseas e dores, além de garantir a hidratação do paciente, especialmente com vômitos. Em casos mais graves, como em idosos e crianças pequenas, deve-se ter maior atenção e buscar ajuda médica.
Para a maioria das pessoas, especialmente adultos e crianças mais velhas saudáveis, a virose tende a ser um desconforto passageiro que pode ser controlado com hidratação adequada e uma alimentação mais leve. O quadro normalmente se resolve de forma espontânea em alguns dias.
Número de casos
Em dezembro de 2024, o surto de virose gerou um número expressivo de atendimentos nas unidades de saúde de várias cidades da Baixada Santista:
- Bertioga: 300 casos registrados pelo Hospital Municipal.
- Cubatão: 184 atendimentos em janeiro, com dados de dezembro não divulgados.
- Guarujá: 2.064 atendimentos nas unidades de Pronto Atendimento, comparado a 1.457 em novembro.
- Itanhaém: 790 casos registrados.
- Mongaguá: Aumento de 10% no Pronto-Socorro Central e 15% no Hospital Municipal, mas sem números exatos divulgados.
- Peruíbe: Sem aumento de casos, segundo a Prefeitura.
- Praia Grande: Aumento de atendimentos nas primeiras semanas de janeiro, mas sem necessidade de contabilizar como surto.
- Santos: 2.264 atendimentos em dezembro e 273 nos primeiros dias de janeiro.
- São Vicente: 1.754 casos registrados, com aumento em relação a novembro (1.657). A prefeitura informou que não houve falta de medicamentos nem superlotação.
Prevenção
O governo estadual forneceu uma série de orientações preventivas para evitar a Doença de Transmissão Alimentar (DTA), comum no verão devido ao grande fluxo de turistas. As recomendações incluem:
- Evitar alimentos mal cozidos e manter os alimentos bem refrigerados.
- Levar seus próprios lanches durante passeios ao ar livre.
- Observar a higiene de lanchonetes e quiosques.
- Lavar bem as mãos antes das refeições.
- Evitar o consumo de alimentos em self-service sem controle de temperatura.
- Beber apenas água filtrada e evitar gelo, sucos e água de procedência duvidosa.
Além disso, é importante ficar atento à balneabilidade das praias, que indica se o mar está adequado para o banho. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) divulgou que, das 175 praias monitoradas, 38 apresentavam condições impróprias para o banho, o que pode ter contribuído para o aumento dos casos de virose na região.