Fungo intestinal pode ser a chave para tratar doença hepática

Estudo publicado na revista Nature mostra que fungo presente no intestino humano reduziu sinais do quadro em ratos

Fungo do intestino humano retarda doença hepática em camundongos
Foto: Dennis Kunkel Microscopy/Science Photo Library
Fungo do intestino humano retarda doença hepática em camundongos

Um fungo encontrado no intestino humano pode ser o tratamento para a doença hepática gordurosa chamada esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH),  que atinge pelo menos 30% dos adultos no mundo. A descoberta é de um estudo publicado nesta sexta-feira (2), na revista Nature.

Pesquisadores chineses isolaram o fungo Fusarium foetens a partir de amostras de fezes humanas e testaram seus efeitos em ratos com a doença. O resultado surpreendeu: o fungo reduziu o sintoma da doença dos animais.

A descoberta pode ser um avanço na melhoria dos tratamentos para a doença. Isso porque, atualmente, apenas um medicamento possui aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, e sua eficácia é limitada, ou seja, não abrange todos os casos.

Segundo o estudo, uma molécula secretada pelo fungo inibe a produção de células de gordura que se acumulam nos pacientes com MASH e estão ligadas à progressão do quadro. Essa molécula atua sobre uma enzima intestinal chamada CerS6.

Apesar da molécula ser encontrada em outras espécies de fungos, esta é a primeira vez que seu potencial terapêutico para doenças hepáticas é registrado.

"Tínhamos pouco conhecimento de como esse fungo evoluiu para colonizar os intestinos de indivíduos saudáveis", afirma o coautor Jiang Changtao, microbiologista do Terceiro Hospital da Universidade de Pequim.

Os pesquisadores agora querem investigar mais a fundo o papel do fungo para, no futuro, desenvolver medicamentos eficazes e que sejam mais abrangentes no tratamento da doença.

Mais avanços

Além do potencial, o estudo também é um avanço técnico relevante: novas formas de isolar e cultivar fungos do intestino. Esta é considerada uma tarefa desafiadora para a ciência, uma vez que eles vivem cercados de bactérias.

Com isso, a nova forma de cultivo criada pelos cientistas pode facilitar outras pesquisas com fungos intestinais, ainda pouco explorados pela ciência.