
Com mudanças repentinas no clima , variações de temperatura, umidade e radiação solar, o corpo humano sofre impactos que podem desencadear ou agravar uma série de condições de saúde .
Entre os mais afetados, estão o sistema respiratório e a pele, com diferentes cuidados e prevenções recomendadas para cada estação do ano.
Doenças respiratórias
Em entrevista ao Portal iG, o médico especialista em Clínica Médica, Luís Felipe Garcia Paschoali, explica que as mudanças climáticas podem agravar tanto doenças respiratórias infecciosas quanto não infecciosas .
“As principais doenças respiratórias desencadeadas após mudanças climáticas podem ter origem infecciosa e não infecciosa. Dentre as infecciosas, as mais comuns são causadas por vírus, como resfriados, que podem evoluir para sinusite, otite ou até mesmo pneumonias” , detalha Paschoali.
Já entre as doenças respiratórias não infecciosas, ele cita crises asmáticas, exacerbação da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ( DPOC ) — doença adquirida através do tabagismo — rinite e sinusite alérgica. Todas essas sensíveis às alterações de temperatura e umidade .
“O tempo frio torna as células respiratórias mais sensíveis e reativas, o que a faz com que produzam muco, podendo desencadear crises de rinite, sinusite, bronquite e asma. O tempo seco, por sua vez, deixa a mucosa respiratória (tecido respiratório) com maior dificuldade em filtrar poeiras e microrganismos, o que facilita o desenvolvimento destas mesmas complicações” , explica o especialista.
Segundo Paschoali, é importante ter cuidados específicos ao longo de cada variação de clima. “A medida principal é se manter hidratado, principalmente no frio, quando as pessoas não sentem tanta sede. Isso manterá o tecido respiratório úmido tornando mais difícil o adoecimento. Além disso, é importante manter janelas abertas e deixar o ambiente arejado para dispersar vírus, bactérias, fungos e poeira do ambiente”.
Ele também recomenda o uso de umidificadores de ar em ambientes secos — ou, alternativamente, toalhas úmidas — para ajudar no controle dos sintomas, além do uso de medicamentos adequados para cada condição.
E orienta que em caso de surgimento de sintomas, a orientação é buscar atendimento médico para receber o tratamento correto. O especialista ainda reforça a importância da vacinação anual contra gripe e pneumonia, especialmente para idosos.
Doenças dermatológicas
As mudanças de clima também afetam diretamente a saúde da pele, que reage a variações de temperatura, umidade e radiação solar com ressecamento, descamação, aumento da oleosidade ou sensibilidade.
No frio, é comum a pele perder mais água, exigindo mais cuidados em relação a hidratação, enquanto no calor a exposição prolongada ao sol e ao suor pode favorecer queimaduras, manchas e o surgimento de doenças como dermatites.
A dermatologista Flávia Freitas conta ao iG que variações de temperatura, umidade e radiação UV podem agravar condições como dermatite atópica, dermatite seborreica, urticária ao frio, psoríase, rosácea e outras dermatoses associadas à pele seca.
“Quedas de temperatura e umidade comprometem a barreira cutânea se a pele não for hidratada da forma correta, facilitando irritação e inflamação. Já o calor e a umidade elevam suor e oclusão, o que favorece urticária colinérgica, miliária e acne. A maior radiação UV no verão é gatilho para fotodermatoses como lúpus, erupção polimorfa à luz e exige fotoproteção sistemática”, alerta Freitas.
A especialista orienta que cada estação do ano também exige cuidados específicos com a pele.
No outono e no inverno, quando o clima tende a ser mais frio e seco, é indicado tomar banhos mais curtos e mornos, optar por sabonetes suaves, hidratar a pele imediatamente após o banho, manter os ambientes umidificados e proteger os lábios.
Para ela a fotoproteção contínua é indispensável mesmo nesses períodos, e o óleo de banho pode ser uma alternativa eficaz aos sabonetes.
Já na primavera e no verão, marcados por calor, maior umidade e intensa exposição solar, a recomendação é adotar fotoproteção completa — evitar o sol entre 10h e 16h, buscar sombra sempre que possível. Usar roupas leves, chapéu, óculos e filtro solar — além de reforçar a hidratação tanto por via oral quanto tópica.
Freitas ainda alerta que em casos de dermatite atópica ou eczema asteatósico, o tratamento pode incluir corticóides tópicos ou inibidores de calcineurina, enquanto urticárias podem exigir anti-inflamatórios. Sendo assim necessário buscar ajuda especializada .