
A psicose pós-parto é um transtorno mental raro e grave que costuma surgir logo após o nascimento do bebê, geralmente nas primeiras semanas. Segundo especialistas, trata-se de uma emergência psiquiátrica que exige tratamento imediato.
O Portal iG ouviu o médico psiquiatra Luiz Finotti, docente de medicina da UniMAX, que explica como a condição se manifesta:
“ A mãe pode perder o contato com a realidade, apresentar pensamentos ou comportamentos desconexos e até correr riscos de colocar a si mesma ou o bebê em perigo
”, alerta.

Quem está mais vulnerável?
O risco é maior em mulheres que já tiveram transtorno bipolar, episódios psicóticos anteriores ou histórico familiar de doenças psiquiátricas graves . Também estão mais suscetíveis aquelas que passaram pela condição em gestações anteriores.
Fatores como privação extrema de sono e mudanças hormonais no pós-parto podem contribuir para o desencadeamento do quadro.
Como se manifesta?
A psicose pós-parto pode incluir sintomas como delírios, alucinações, agitação intensa, confusão mental e mudanças bruscas de humor. Em alguns casos, a mãe alterna entre períodos de euforia e energia excessiva e momentos de tristeza profunda e desorganização.
Entre os sinais de alerta estão ideias estranhas ou desconexas, comportamento desorganizado, fala acelerada e confusa, além de dificuldade em dormir por vários dias sem demonstrar cansaço. Muitas vezes, delírios e alucinações envolvem o bebê, o que faz com que a família ou os profissionais de saúde percebam rapidamente que algo grave está acontecendo.
Diferença em relação à depressão pós-parto
A depressão pós-parto é mais comum e se caracteriza por tristeza intensa, cansaço, desinteresse e dificuldade de vínculo com o bebê, mas não envolve perda de contato com a realidade.
Já a psicose pós-parto é mais rara e grave, marcada por delírios, alucinações e desorganização mental, o que pode representar riscos imediatos à mãe e à criança. As duas condições podem coexistir, mas a psicose exige intervenção urgente.
Qual é o tratamento?
O tratamento costuma começar com internação hospitalar para garantir a segurança da mãe e do bebê. Medicamentos como estabilizadores de humor e antipsicóticos são os mais utilizados. Em casos específicos, pode ser indicada a eletroconvulsoterapia (ECT), considerada segura e eficaz.
Além do cuidado médico, o suporte psicológico, o acompanhamento multiprofissional e a rede de apoio familiar são fundamentais para a recuperação da paciente.