
Segundo a médica oncologista Bruna Carone, docente de Medicina da UniMAX, a quimioterapia atinge células que se multiplicam rapidamente, tanto as cancerígenas quanto as dos folículos capilares, o que explica a perda dos fios. A touca atua resfriando o couro cabeludo antes, durante e após a infusão do quimioterápico, provocando uma vasoconstrição, ou seja, a diminuição do fluxo de sangue na região.
“ Assim, menos medicamento chega aos folículos e o dano aos fios é menor
”, explica.
Os resultados, no entanto, dependem do tipo de quimioterapia e da sensibilidade de cada paciente.
“Ela funciona melhor em regimes menos agressivos ao folículo capilar, como alguns protocolos com taxanos
”, detalha a médica.
Estudos apontam que de 40% a 80% dos pacientes conseguem preservar parte significativa do cabelo com o uso do método.
Desconforto e contraindicações
Apesar de eficaz para alguns casos, a touca gelada pode ser dolorosa e incômoda, causando rigidez no pescoço, calafrios e, raramente, lesões na pele.
“ O principal desconforto é o frio intenso. Alguns pacientes relatam dor de cabeça, tontura e sensação de pressão na cabeça
”, afirma a especialista.
O equipamento deve sempre ser utilizado sob supervisão da equipe médica e de enfermagem, que monitora o tempo e a temperatura ideais.
“ Pacientes com sensibilidade ao frio ou problemas circulatórios precisam discutir a indicação com o oncologista
”, alerta.
Atualmente, a touca de resfriamento é mais comum em clínicas privadas, já que o SUS ainda não oferece o equipamento. O custo varia conforme o sistema e o número de sessões, mas algumas ONGs e grupos de apoio emprestam ou financiam o uso. Para aliviar o desconforto, especialistas recomendam levar mantas, meias e bebidas quentes, além de praticar técnicas de relaxamento.
“ O mais importante é o paciente conversar com o oncologista antes de decidir. A indicação deve ser individualizada e feita com segurança ”, conclui a especialista.