
A adolescente Beatriz Vitória Silva, de 14 anos, moradora de Goianésia, em Goiás, vive agora uma fase marcada por alívio e esperança. Ela foi a primeira paciente da rede pública do estado a passar por uma cirurgia de remodelação óssea craniana . Um procedimento de alta complexidade conduzido no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), em Goiânia. A segunda etapa da intervenção foi realizada em 22 de novembro, onde Beatriz recebeu alta já no dia seguinte, apresentando evolução considerada excelente pela equipe médica.
A recuperação acontece de forma rápida e sem dor: “Ela está cada dia melhor” , diz a mãe. Para a mãe, Roseane Gomes Silva, ver o progresso da filha após anos de desafios é motivo de celebração.
“Ela, graças a Deus, está bem. Sem dor, sem reclamação. Está a cada dia melhor” , contou à reportagem do Portal iG.

Beatriz nasceu com uma malformação craniofacial e sem a pálpebra esquerda. Ainda bebê, passou por cirurgias para reconstrução da pálpebra. Na época, médicos alertaram que ela precisaria, no futuro, de uma cirurgia craniofacial, intervenção que não era emergencial naquele momento.
O caminho até a operação definitiva começou anos depois, quando Roseane encontrou por acaso uma revista com o nome da cirurgiã craniofacial Vera Lucia Nocchi Cardim, referência nacional e internacional na área.
“Liguei imediatamente. Elas nos acolheram muito bem e logo tivemos o primeiro encontro em Goiânia” , lembra a mãe.
A partir daí, a médica articulou o caso com o cirurgião plástico Sérgio Augusto da Conceição, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HGG. A documentação foi encaminhada e Beatriz passou a ser acompanhada pela equipe do hospital.
Procedimento pioneiro na rede pública
Em maio deste ano, a adolescente realizou a primeira etapa da cirurgia, que incluiu osteotomias dinâmicas e a implantação de placas modeladoras, necessárias para corrigir deformidades decorrentes da craniossinostose, condição marcada pelo fechamento precoce das suturas do crânio.
Seis meses depois, Beatriz voltou à sala de cirurgia para remoção das placas, etapa essencial para garantir a consolidação óssea e o resultado definitivo do tratamento.
“A retirada das placas é crucial para a estabilidade e segurança da estrutura craniofacial” , explicou o dr. Sérgio.
A cirurgia foi transmitida ao vivo para residentes e equipes do hospital, reforçando o caráter educativo do procedimento.
A condução das duas etapas ficou a cargo da dra. Vera Cardim, profissional com reconhecimento internacional e mais de três décadas de contribuição acadêmica e clínica em cirurgia craniofacial.
Vitória familiar e perspectiva de futuro
“As duas cirurgias foram um sucesso. Agora sabemos que ela poderá seguir com mais saúde e autoestima” , afirmou. Para Roseane, cada etapa concluída representa uma conquista.
A equipe médica prevê pequenas cirurgias reparadoras ao longo do acompanhamento, mas destaca que a parte mais complexa já foi superada.
Referência em cirurgia plástica pelo SUS
O HGG é hoje um dos principais centros de cirurgia plástica reconstrutiva da rede pública no país, realizando procedimentos em vítimas de traumas, pessoas com doenças raras, pacientes trans em acompanhamento pelo SUS e indivíduos que passaram por grandes perdas de peso após cirurgia bariátrica.
Desde 2000, mais de 30 médicos já foram formados pelo programa de residência em Cirurgia Plástica do hospital. Atualmente, cinco residentes integram o serviço, que se tornou referência pelo alto nível de especialização e pelo impacto social.