Pesquisa mostra que sessões de musicoterapia conseguem reduzir a hipertensão
O grupo não é pequeno. São 23 mulheres e homens adultos que se reúnem semanalmente para, entre outras coisas, cantar músicas de própria autoria. Nas letras improvisadas, cada participante expressa seus medos e frustrações.
Parece uma espécie de terapia conjunta, mas o propósito vai além disso. Os encontros fazem parte de um experimento para verificar a eficácia da musicoterapia contra a hipertensão arterial.
Após três meses de experimento, a especialista verificou que a pressão dos pacientes havia caído de 150 mmHg por 90 mmHg para 133 mmHg por 80 mmHg. O mesmo não aconteceu no grupo controle.
Pacientes ou músicos?
Outros experimentos já tinham provado que ouvir música influencia na pressão arterial. “Mas essa foi a primeira vez que um experimento com musicoterapia ativa se provou eficiente”, aponta Claudia.
Nas canções, os pacientes criticavam as dietas e revelavam o medo que tinham da doença. “Isso faz parte de uma mudança de atitude, que vai ajudar a controlar o estresse (fator de risco importante para hipertensão)”, explica a pesquisadora.
Além das cantorias, as sessões contavam com exercícios de respiração. “As pessoas geralmente respiram errado, só no peito. Ensinamos a fazer uma respiração completa, desde o diafragma”, diz.
Relaxamento
A musicoterapia passiva também fez parte do experimento, com a exposição dos pacientes a músicas relaxantes. Para se obter o efeito desejado, é preciso conhecer um pouco da história musical do paciente e fazer exposições superiores a oito minutos. As músicas selecionadas para relaxar costumam ter ritmos constantes, algo que não surpreenda o paciente e, assim, evite estados de tensão.
A música faz os músculos relaxarem e diminuem a tensão do paciente. Elas podem, inclusive, ser utilizadas no tratamento de dores crônicas.
Claudia explica que é preciso manter o tratamento convencional, pois não há como a musicoterapia substituir o uso de medicamentos. “É como uma terapia coadjuvante, que pode trazer especialmente melhorias na atitude do paciente”, afirma.
O trabalho foi apresentado no III CIMNAT– Congresso Internacional de Música, Neurociência, Arte e Terapia – realizado pelo Centro de Musicoterapia Benenzon Brasil, em São Paulo.