Muitas vezes, nas sessões de psicanálise ou nas mentorias que aplico, me deparo com pessoas que precisam de ajuda, mas só estão ali porque já esgotaram o repertório padrão, não sabem mais o que fazer para encontrar paz, saídas, formas de atuar para se livrar de algo que incomoda silenciosamente. E assim, muitas pessoas descobrem a importância de expressar o que sentem e de confiar em profissionais para isso.
Já foi comprovado, através de pesquisas, que após a pandemia da COVID-19, os casos de ansiedade e depressão aumentaram. A Organização Mundial da Saúde, OMS, afirma que o nosso país está entre os mais afetados globalmente, especialmente entre as mulheres quando o tema é depressão. Já a ansiedade colocou o Brasil no topo do ranking, com a maior taxa de pessoas ansiosas do mundo. Dados da OMS mostram que quase 10% da nossa população tem ansiedade e a incidência aumentou entre adolescentes e adultos jovens .
Você parou para reparar que as academias de ginástica estão repletas de pessoas buscando melhorar o próprio desempenho físico e obter mais saúde, afinal é o momento em que produzimos o "hormônio da felicidade". Mas isso não é suficiente diante de tantas questões desse mundo globalizado, onde a rede social furta o tempo de toda uma geração em construção. Quem viu a minissérie Adolescência deu uma paradinha para rever como os jovens estão cheios de dilemas novos, que geram condições para que a fragilidade emocional se evidencie de forma perigosa.
Dia 10 de outubro, próxima sexta-feira, é Dia Mundial da Saúde Mental.
A data busca não só a conscientização, como tirar o estigma social de doenças que não doem no corpo, mas se manifestam no comportamento. As empresas já estão tendo que olhar de frente para casos de Burnout e afastamentos por conta disso. Ano que vem, passa a vigorar a NR1, norma que prevê um cuidado direto com a saúde da mente dos funcionários.
Esse cenário só mostra a importância real de se adotar práticas de autocuidado que vão além do físico, como a meditação, a terapia e o cultivo de relações saudáveis. Aprender a não se abalar com algum fator externo e a valorizar nossos pontos fortes cria uma mentalidade forte, que favorece todo esse ecossistema.
Saúde não se divide entre mental e física, chegamos a um tempo em que a medicina já prevê que o ser humano depende desse equilíbrio para ser considerado saudável. Portanto, é imprescindível buscar ajuda quando percebermos que estamos perto de virar estatística e enfrentar os desafios pessoais de forma mais empática, onde falar sobre distúrbios emocionais não causem constrangimento ou provoquem piadas. Dessa forma, seremos seres humanos realmente mais saudáveis.