
Tem dias em que acordo e já me pergunto: o que esse dia me ensinará? E essa semana trouxe momentos de grandes aprendizados para mim. Fui convidada para um encontro onde estariam dois grandes estudiosos sobre liderança. Tal Ben-Shahar e Jan-Emmanuel De Neve estiveram no Brasil para compartilhar conhecimentos sobre felicidade e produtividade.
Isso me fez lembrar de quando me tornei chefe de uma equipe enorme. Me deparei com grandes desafios para entender a diferença de chefiar e liderar. Precisei da ajuda da minha mãe, uma mulher à frente do seu tempo, autodidata, que liderou como ninguém um time comercial de uma grande empresa de comunicação. Além dos livros que ela me indicou, busquei alguns e me deparei com “O monge e o executivo – Uma história sobre a essência da liderança”. Li com a sede de sorver ao máximo o que é a essência de servir através do trabalho.
Lá se vão mais de 20 anos e o que ouvi de Tal e Jan ainda soam como novidade para a grande maioria das pessoas. O primeiro é PhD em psicologia pela Universidade de Harvard, autor do livro “Seja mais feliz, aconteça o que acontecer: Como cultivar a esperança e o propósito em tempos difíceis” e o segundo é economista, conhecido por sua pesquisa sobre a economia do bem-estar.
Tal Bem-Sahar tem uma fala calma e contagiante, dom de quem sabe lecionar, tarefa que executa em Harvard há duas décadas. Nos contou que pequenas mudanças podem transformar nossas vidas, que devemos desenvolver a habilidade de ouvir para sermos adultos melhores e que, assim, deixamos tudo muito fácil para nossos filhos. Citou a educadora Maria Montessori, que dizia: “Não faça pela criança o que ela pode fazer sozinha”.
Jan-Emmanuel De Neve deixa tudo isso mais palatável para os contratantes incrédulos em saúde mental e gentileza corporativa, mudassem o próprio mindset. Ele fez uma pesquisa que mostra que é necessário sentir que as pessoas se importam conosco e que confiança e senso de pertencimento mudam todo o cenário no ambiente de trabalho.
Diante dessas falas importantes, ainda me deparo com uma realidade bem distante. As pessoas enxergam produtividade de outra forma, pois são levadas a acreditar que os resultados devem chegar com uso de menos recursos para manter a mesma qualidade. Essa conta não fecha e todo mundo vai ter que colocar a mão no bolso e na consciência.
Vejo cada vez mais pessoas dormindo menos, se alimentando mal, esquecendo de beber água, engolindo o choro e dificultando a vida do colega do lado para manter seu emprego, suas crenças e os ganhos dos donos de empresas. Falas como as desses estudiosos merecem palanque, holofote, megafone e respeito. Não podemos aguardar mais 20 anos para olhar pra trás e ver que pouco mudou, mesmo porque agora estamos diante de um colapso mental das pessoas economicamente ativas.
Enquanto houver fortalecimento do conceito de empatia, haverá esperança. Enquanto existirem empresas responsáveis, dispostas a virar esse jogo, teremos expectativa. Enquanto apoiarmos as pessoas que já não acreditam mais na felicidade no trabalho com atitudes solidárias, conheceremos a liderança. O futuro começa dentro de cada atitude positiva que se expande para tornar tudo mais saudável.