
A relação entre alimentação e câncer de próstata vem ganhando cada vez mais destaque na comunidade científica. Embora fatores genéticos e hormonais também tenham peso importante, estudos mostram que o que colocamos no prato pode influenciar diretamente tanto na prevenção quanto na evolução da doença.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o tipo mais incidente entre os homens brasileiros, com cerca de 71 mil novos casos por ano. A boa notícia é que, quando descoberto precocemente, as chances de cura podem chegar a 98%. Por isso, os hábitos alimentares têm papel essencial tanto na prevenção quanto no controle da gravidade.
O Dr. Matheus Alencar destaca que há evidências consistentes de que certos alimentos ajudam a reduzir o risco da doença. “O licopeno, substância presente no tomate e os vegetais crucíferos — como brócolis, couve-flor e repolho — têm efeito protetor comprovado. Além disso, a dieta mediterrânea, rica em azeite de oliva, peixes, grãos integrais e vegetais, é a mais associada à redução da incidência e da gravidade do câncer de próstata”, explica.
Carne vermelha e ultraprocessados: o impacto na inflamação
Embora a relação entre o consumo de carne vermelha e o aumento da incidência ainda seja considerada fraca, o médico ressalta que o excesso de gordura saturada e de alimentos ultraprocessados está diretamente ligado à piora do quadro clínico.
"Os ultraprocessados elevam o nível inflamatório do organismo, aumentam a resistência à insulina e favorecem um ambiente metabólico propício à progressão tumoral. Pacientes com alto consumo de gordura saturada — como as presentes nas carnes vermelhas — tendem a desenvolver tumores mais agressivos”, explica o Dr. Matheus.
Em contrapartida, as gorduras insaturadas, de origem vegetal, têm efeito protetor. “O azeite de oliva e outras fontes de gordura boa ajudam a reduzir tanto o risco quanto a gravidade da doença, por atuarem no controle da inflamação e na melhora do perfil metabólico”, complementa.
Obesidade e resistência à insulina: fatores de risco ocultos
Entre os fatores de risco ligados à alimentação, o excesso de peso merece atenção especial. “A obesidade não necessariamente aumenta a incidência, mas está diretamente associada à gravidade. Pacientes obesos geralmente apresentam tumores mais agressivos, o que está relacionado ao aumento da resistência à insulina e ao desequilíbrio hormonal provocado por maus hábitos alimentares”, explicou o médico à coluna.
O papel da nutrição durante o tratamento
Durante o tratamento oncológico, uma alimentação equilibrada é fundamental para o bom funcionamento do organismo e a resposta positiva às terapias. “Uma dieta rica em proteínas ajuda a manter a massa muscular e reduz a fadiga. O consumo de fibras também melhora o funcionamento intestinal e alivia efeitos colaterais, como diarreia, comuns em pacientes submetidos à radioterapia”, orienta o profissional.
Pesquisas apontam que pacientes que seguem a dieta mediterrânea durante o tratamento relatam menos cansaço e maior qualidade de vida. “É uma dieta anti-inflamatória, rica em nutrientes e fácil de manter — o que faz toda a diferença para quem está enfrentando o câncer de próstata”, reforça o Dr. Matheus.
Vitaminas e suplementos: nem sempre aliados
Sobre o uso de suplementos, o médico faz um alerta: nem toda vitamina é benéfica em altas doses. “Megadoses de zinco, selênio e vitamina E podem aumentar o risco e a agressividade da doença. Já a vitamina D tem alguma evidência de efeito protetor leve, mas a suplementação só deve ser feita quando há deficiência comprovada — nunca como forma de prevenção”, orienta.
Alimentação como prevenção
Manter uma dieta equilibrada, rica em alimentos naturais e fontes de gordura saudável, é uma das estratégias mais eficazes para reduzir o risco e controlar a progressão do câncer de próstata.
"A alimentação é uma aliada poderosa na prevenção e no tratamento. Ela não substitui o acompanhamento médico, mas pode mudar completamente o curso da doença”, conclui o Dr. Matheus Alencar.
