Roberta Nuñez

Dia Mundial do Ceratocone alerta para riscos de coçar os olhos

Doença silenciosa pode evoluir rapidamente e causar cegueira se não for diagnosticada e tratada a tempo

Ceratocone
Foto: Canva
Ceratocone

Celebrado em 10 de novembro, o Dia Mundial do Ceratocone reforça a importância do diagnóstico precoce e do cuidado contínuo com a saúde ocular. O ceratocone é uma doença que afina e deforma a córnea, provocando visão distorcida, sensibilidade à luz e, em casos avançados, pode levar à cegueira.

No Brasil, o ceratocone é uma das principais causas de transplante de córnea e uma das doenças que mais afetam a qualidade visual da população. Entre 2015 e 2025, o número de brasileiros em estágio crítico da doença cresceu 276%, muito acima do crescimento populacional, que foi de apenas 7,6% no mesmo período.

A oftalmologista Regina Chalita, especialista em córnea, explicou à  coluna que o ceratocone costuma surgir no final da adolescência e progredir até os 35 anos, quando tende a se estabilizar.

"Em casos mais graves, especialmente em crianças com alergias oculares, a doença pode aparecer ainda na infância”, alerta a médica.

Um hábito perigoso: coçar os olhos

Um dos fatores que mais aceleram a progressão do ceratocone é o ato de coçar os olhos com frequência.

"Esfregar os olhos pode agravar a deformação da córnea, especialmente em pessoas geneticamente predispostas”, explica Regina Chalita.

O problema é que a doença costuma ser silenciosa. Um dos primeiros sinais é a mudança constante no grau dos óculos, especialmente o aumento do astigmatismo. Por isso, a médica reforça a importância dos exames de rotina e da atenção a sintomas como visão borrada, distorção de imagens e dificuldade para enxergar à noite.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito por exames específicos que avaliam a curvatura e a espessura da córnea, como topografia e tomografia.

"Identificar a doença cedo é essencial para impedir sua progressão e evitar complicações”, destaca a especialista.

O tratamento depende do estágio da doença. Nos casos iniciais, óculos e lentes de contato especiais costumam ser suficientes. Em estágios intermediários, o crosslinking — procedimento que fortalece as fibras da córnea — ajuda a estabilizar o quadro. Já em casos mais avançados, podem ser indicados implantes de anéis intracorneanos ou, quando a visão está muito comprometida, o transplante de córnea.

Diagnóstico precoce é a chave

Oftalmologista Regina Chalita
Foto: Divulgação
Oftalmologista Regina Chalita

Segundo a oftalmologista, os avanços tecnológicos têm transformado o tratamento do ceratocone, mas a detecção precoce continua sendo o fator decisivo para preservar a visão.

"Temos hoje terapias modernas e eficazes, mas o diagnóstico precoce é a chave para evitar procedimentos invasivos e preservar a visão do paciente”, conclui Regina Chalita.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG