
O diabetes é uma das doenças crônicas que mais crescem no Brasil e no mundo. Segundo o IBGE e o Ministério da Saúde, cerca de 20 milhões de brasileiros vivem com a condição e um em cada três ainda não sabe que tem. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) projeta que o número de casos no planeta chegue a 853 milhões até 2050, impulsionado por fatores genéticos, ambientais e sociais.
De acordo com a endocrinologista Karine Antunes, do Studio Gorga Bem Estar, reduzir o diabetes a maus hábitos alimentares ou falta de atividade física é uma simplificação perigosa.
"Há uma forte predisposição genética somada a um ambiente cada vez mais obesogênico, com estresse, sono ruim, envelhecimento da população e fácil acesso a ultraprocessados. Também existem fatores ambientais, como poluição e desreguladores endócrinos, que interferem no metabolismo”, explicou à coluna .
Ela reforça que combater a doença exige prevenção, informação e políticas públicas voltadas à educação alimentar e ao controle do sobrepeso.
Desafio do diagnóstico precoce
Segundo a médica, o diabetes tipo 2 costuma ser silencioso e muitos pacientes só descobrem quando a glicose já está alta há anos.
"Isso acontece pela ausência de rastreamento e pela banalização de sintomas como cansaço, visão embaçada, ganho de peso e infecções de repetição”, alerta.
Exames simples como glicemia de jejum e hemoglobina glicada (HbA1c) são capazes de detectar precocemente as alterações. Outros sinais de alerta incluem pressão alta, gordura no fígado e escurecimento da pele no pescoço (acantose nigricans).
Tipos e tratamentos
Karine explica que o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que requer o uso de insulina desde o diagnóstico. Já o tipo 2 decorre da resistência à insulina e exige mudanças de estilo de vida e medicamentos modernos, como agonistas de GLP-1 e inibidores de SGLT2, que beneficiam também coração e rins.
O diabetes gestacional, por sua vez, aparece durante a gravidez e demanda acompanhamento rigoroso mesmo após o parto.
"Um erro comum ainda é tratar todos os tipos da mesma forma ou adiar o início das terapias adequadas”, afirma.
Pré-diabetes
"O pré-diabetes não é um ‘quase nada’, é um alerta metabólico”, enfatiza a endocrinologista. A condição ocorre quando a glicose está acima do normal, mas ainda abaixo do limiar para diagnóstico de diabetes. Segundo ela, essa fase é reversível: perder entre 5 e 10% do peso corporal, praticar atividade física, dormir bem e controlar o estresse pode reduzir em até 70% o risco de evolução da doença.
Nem só o açúcar é culpado
"O açúcar participa, mas não é o único vilão. O diabetes é resultado de múltiplos fatores: excesso calórico, sedentarismo, predisposição genética, privação de sono e estresse crônico”, destaca Karine.
Para a médica, responsabilizar apenas o indivíduo ignora a importância da educação alimentar, da rotulagem clara e do acesso a alimentos frescos.
Tecnologia e futuro do tratamento

A especialista ressalta que a tecnologia tem revolucionado o cuidado com o diabetes.
"Sensores contínuos de glicose, canetas inteligentes e bombas de insulina automatizadas trazem controle mais preciso e autonomia ao paciente. O desafio é o acesso e a educação digital para o uso correto”, explica.
O futuro, segundo ela, está na união entre tecnologia, personalização e cuidado humano, garantindo que o avanço chegue a todos.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG