Roberta Nuñez

Psicólogo explica por que festas de fim de ano ampliam emoções

Alexander Bez conta como datas festivas despertam lembranças, intensificam gatilhos emocionais e exigem atenção à saúde mental

Alexander Bez
Foto: DIVULGAÇÃO / ASSESSORIA DE IMPRENSA
Alexander Bez

O período de Natal costuma intensificar emoções diversas — positivas e negativas — por reunir elementos simbólicos como aconchego, união e compartilhamento. Segundo o psicólogo e escritor Alexander Bez , a data desperta vínculos afetivos profundos e reforça a necessidade de convivência familiar, o que pode gerar bem-estar ou desconforto, dependendo das vivências e relações de cada pessoa.

Entre os fatores positivos associados à época estão a comunhão, o afeto e o sentimento de pertencimento. No entanto, a celebração também pode provocar sofrimento quando não é possível estar com pessoas queridas ou quando existe a obrigação de conviver com familiares com os quais não há afinidade. Bez destaca que presentes devem ser compreendidos como gestos afetivos — e não demonstrações econômicas —, o que ajuda a reduzir pressões sociais típicas da data.

Gatilhos emocionais mais comuns

Entre os gatilhos mais comuns no Natal estão saudade, lembranças de entes queridos, sensação de participação e comparações sociais. Embora presentes durante todo o ano, essas emoções tendem a se intensificar em datas comemorativas. Segundo o especialista, esse fenômeno — conhecido como “depressão com hora marcada” — ocorre quando determinadas datas acentuam sentimentos reprimidos ou não elaborados.

A comparação com outras famílias, como observar vizinhos ou amigos que ainda têm pais e parentes próximos, também pode agravar o sofrimento emocional. A recomendação é focar nas próprias vivências e evitar associações que reforcem a dor.

Solidão e estratégias de enfrentamento

A solidão figura entre os sentimentos mais relatados no fim do ano. Mesmo pessoas com estabilidade profissional e financeira podem sofrer com a ausência de figuras afetivas que marcaram Natais anteriores. Para Bez, é fundamental desenvolver preparo emocional ao longo do ano, preferencialmente com acompanhamento psicológico, a fim de evitar que a data desencadeie sintomas psicossomáticos, como alterações cardiovasculares e oscilações de pressão arterial.

Conflitos familiares e convivência

Para reduzir conflitos em encontros familiares, especialistas recomendam uma postura preventiva: evitar discussões, temas polêmicos e consumo excessivo de álcool em casos de impulsividade. Quando a presença de pessoas evitadas é inevitável, a estratégia indicada é a “esquiva psicológica”, que consiste em mudar de assunto, interagir com outros convidados e não ceder a provocações.

Luto e ausência de entes queridos

O luto ganha peso especial no Natal. Práticas como cultivar a solitude — estar consigo sem se isolar afetivamente — e resgatar lembranças positivas podem tornar o momento menos doloroso. Permitir que as memórias existam sem sofrimento contínuo contribui para a adaptação emocional.

Pressão pelo “Natal perfeito”

A pressão social por um “Natal perfeito” também pode gerar ansiedade e frustração. Alexander Bez reforça que a perfeição é inexistente, e compreender isso reduz significativamente a carga emocional. A orientação é respeitar limites pessoais — inclusive os financeiros — e ressignificar expectativas. Pequenos gestos, como um piquenique em casa, podem substituir experiências idealizadas e proporcionar o mesmo conforto emocional.

Autocuidado durante as festividades

Práticas simples de autocuidado ajudam a manter o equilíbrio mental. Cuidar da aparência, buscar autenticidade, evitar ostentação e manter hábitos saudáveis — como alimentação equilibrada, exercícios e boas noites de sono — contribuem diretamente para o bem-estar. Também é importante evitar discussões, respeitar limites e afastar-se de situações ou pessoas que possam desencadear conflitos.

Alexander Bez atua transformando sua experiência científica em literatura acessível e inspiradora. São 10 livros publicados, entre romances, obras de autoajuda e estudos sobre comportamento humano, que somam publicações no Brasil e no exterior.

Entre seus títulos estão:

  • Inveja: o Inimigo Oculto
  • O que Era Doce Virou Amargo — considerado “a Bíblia dos Relacionamentos”
  • Trilogia Encantos da Mulher: A Magia da Beleza Feminina e A Paixão e Seus Encantos (Editora Juruá)
  • What You Don’t Know About COVID-19 – The Mortal Virus (Liferich Publishing, EUA)
  • Scientific Denialism – COVID-19 Vol. 2
  • A Seita Sexual de Puff Daddy (Diddy): Fama, Poder & Dinheiro (em produção nos Estados Unidos)
  • A Magia da Sensualidade Feminina, continuação da trilogia sobre autoestima feminina.

Para ele, o relacionamento saudável — seja amoroso, familiar ou social — é um antídoto natural contra os transtornos mentais. “Isolamento é terreno fértil para a ansiedade. O contato humano é o que nos devolve sentido e força para continuar. Precisamos de pessoas, de afeto e de escuta”, conclui.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG