Com produção suspensa, Fiocruz só garante 25,8 milhões de doses até julho

Dois lotes do insumo devem chegar ao Brasil nos próximos dias. Capacidade de fabricação, no entanto, está aquém do limite

Foto: Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz
Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz

Após a chegada de dois lotes de Insumo Farmacêutico Ativ o (IFA) na sexta-feira (21) e no sábado (22), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve conseguir entregar 25,8 milhões de doses de vacina até 3 de julho.

Segundo o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da instituição, Marco Aurélio Krieger, o total não deve sofrer grandes variações: a fabricação, suspensa até a próxima terça-feira, estará abaixo da capacidade por causa da baixa disponibilidade do insumo.

— Nós vamos ter uma limitação da nossa capacidade de entrega dada pela disponibilidade de IFA. É uma situação que a gente não tinha desde o final do mês de março, quando a gente teve a aceleração das entregas — afirmou, em reunião da Comissão Externa de Combate à Covid-19, na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira.

A escassez de IFA tem prejudicado a produção de vacinas — não só a de Oxford/Astrazeneca, mas também a CoronaVac, pelo Instituto Butantan —, com atrasos e reduções nas entregas ao Ministério da Saúde.

No encontro,  o diretor do Butantan, Dimas Covas, relatou o pedido de ajuda ao embaixador da China, Yang Wanming, na liberação de 7 mil litros do insumo, que vem do país asiático. Também teceu elogios à atuação do chanceler Carlos França nessa questão:

— O embaixador se dispôs a fazer todos os esforços junto ao governo chinês para explicar essa situação e, da mesma maneira em que elogiou muito o ministro França, que tem apoiado muito as iniciativas do Brasil, do Butantan e da Fiocruz junto ao governo chinês.

Uma das preocupações do Brasil é com a cepa do novo coronavírus descoberta na Índia que que teve o primeiro caso confirmado nesta quinta-feira, no Maranhão.

O deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), que conduziu a reunião, colocou o Congresso Nacional à disposição da Fiocruz e do Butantan para negociar junto à China a importação de IFA para o Brasil.

Além dessas duas vacinas, outra opção para o Brasil nos próximos meses pode ser a Butanvac. Covas afirmou que se o imunizante receber autorização para testes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda neste mês, o Butantan poderá solicitar o uso emergencial em setembro ou outubro. Se aprovado, seriam 100 milhões de doses até o fim do ano. A vacina nacional está em desenvolvimento e em produção pelo instituto.

Convidadas para a reunião, as embaixadas da China e da Índia não puderam comparecer.