
“Se ninguém me avisasse que estamos na primavera eu iria saber mesmo assim, porque meu corpo dá os sinais”, analisa Bruno Maretto, de 23 anos. O professor de música, que já sofre de rinite alérgica, conta que suas crises de alergia respiratória ficam ainda piores com a chegada da estação mais florida do ano.
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Olhos vermelhos e lacrimejantes, coriza, coceira... todo início de outubro Maretto sofre com a intensificação dos sintomas de sua condição. Apesar da beleza das flores, o pólen das plantas aliado aos ácaros, que aumentam na mudança de estação, pode fazer com que a primavera se torne um verdadeiro pesadelo para quem sofre de algum tipo de alergia respiratória . As mais comuns nesta época do ano são rinite e asma.
O incômodo acontece porque durante a primavera, a polinização das plantas ocorre com maior intensidade, principalmente em dias com vento e sol, fazendo com que os grãos de pólen se concentrem em maior quantidade no ar.
Ao respirar esse ar, o pólen entra em contato com a mucosa do nariz e as pessoas que já sofrem com alergia podem sentir sintomas como tosse, coriza, coceira no nariz e demais regiões das vias aéreas, dores de cabeça, coceira nos olhos, lacrimejamento, rouquidão, garganta seca, espirros e congestão nasal.
Segundo a pneumologista e alergologista do Hospital Dia do Pulmão de Blumenau, em Santa Catarina, Caroline Bernardes, em indivíduos alérgicos, o pólen desencadeia um processo inflamatório em toda a mucosa respiratória, iniciando no nariz e evoluindo para os brônquios em alguns casos.
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Além disso, a especialista ressalta que a mudança climática que ocorre na estação, o aumento na quantidade de fungos e ácaros no ambiente, também são fatores que potencializam os problemas, como a rinite alérgica .
A Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que cerca de 35% dos brasileiros possuem algum tipo de alergia, e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia reforça que grande parte das pessoas sofrem com a chegada da primavera, porém, muitos não sabem que se trata de uma alergia, já que os sintomas lembram muito os de resfriados e gripes.
“Conhecida como sazonal ou primaveril, a alergia ao pólen é mais frequente em regiões onde as estações do ano são bem definidas, como por exemplo, na região sul e central do Brasil. Além disso, a saúde pode ser agravada com o clima seco e a poluição das cidades”, ressalta Bernardes.
Os diagnósticos das alergias desta época do ano podem ser realizados por meio de testes cutâneos e outros exames feitos diretamente na pele, possibilitando avaliar de forma precisa e eficaz a intensidade e a vacinação correta de cada hipersensibilidade que possa surgir.
Mas a especialista também informa que existem algumas medidas eficientes que podem ajudar na prevenção das alergias comuns durante a primavera. Confira as dicas:
- Evite o acúmulo de poeira, mofo e contato com pelos de animais, insetos e ácaros;
- Mantenha as janelas de casa e carro fechadas, para que o pólen não circule no ar;
- Ventile a casa nas primeiras horas da tarde, quando os índices de pólen são mais baixos;
- Lave o nariz com soro fisiológico, pelo menos, uma vez ao dia;
- Evite frequentar jardins ou locais com muito vento, flores e árvores;
- O uso de óculos de sol ajuda a diminuir o contato dos olhos com o pólen;
- É importante secar as roupas no sol para eliminar microrganismos (ácaros) que podem se acumular no tecido;
- Use capas impermeáveis para forrar colchões, travesseiros e almofadas.
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Além dos métodos de prevenção, existem medicamentos via oral que auxiliam no tratamento de reações alérgicas. No contexto de alguma alergia respiratória específica, como a asma e a rinite, é indicado o uso de remédios contínuos, para evitar futuras crises.