
Depois de passar 20 anos ignorando um tumor gigante que crescia em seu pescoço achando que era apenas uma glândula tireoide inchada, o agricultor indiano Somai - que não quis revelar o sobrenome -, de 55 anos, precisou procurar ajuda médica quando a massa começou a ficar maior do que a sua própria cabeça.
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Contudo, o que Somai achava ser uma alteração na glândula tireoide era, na verdade, um tumor gigante não canceroso, mas que chegou a pesar 1,4 kg, o equivalente ao peso de três litros de leite.

Ao buscar atendimento especializado por conta das dores terríveis que sentia, os médicos informaram que era necessário retirar o tumor. Os exames revelaram que era o caso se tratava de um tumor submandibular - o que significa que começou em sua glândula salivar.
O caso era “bastante raro”, segundo os profissionais do Hospital Médico King George em Lucknow, localizado a cerca de 480 quilômetros a sudeste de Nova Déli.
Os cirurgiões realizaram uma operação de três horas e meia no pescoço do agricultor para remover o crescimento. Agora, Somai, que é de Basti, no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, está se recuperando no hospital e será enviado para casa nos próximos dias.
Mesmo no período de reabilitação, agora ele pode mover a cabeça sem dor pela primeira vez em anos. Em entrevista ao Daily Mail, o indiano afirmou que recebeu uma nova vida depois que os médicos removeram a massa enorme de seu pescoço.
Apesar do incômodo que pode causar, cerca de metade dos tumores - como os de Somai - são benignos e não cancerígenos, e muitos podem ser curados com cirurgia.
Retirada do tumor gigante

O Dr. Onkar Vedak, que fazia parte da equipe cirúrgica do Hospital da Universidade Médica de King George, falou sobre o procedimento, que considerou “desafiador”.
“[Somai] visitou nosso departamento de pacientes ambulatoriais no dia 12 de julho, e nós o internamos. Depois de analisar os relatórios de varredura, decidimos remover o crescimento o mais cedo possível e a cirurgia foi realizada no dia seguinte, 13 de julho”, afirmou ele.
"Era um tumor submandibular e pressionava com força as artérias carótidas, que são os principais vasos sangüíneos no pescoço que fornecem sangue para o cérebro, pescoço e face", completou.
Tumores submandibulares
As artérias carótidas são vasos sanguíneos vitais e aquelas em que você pode sentir o pulso quando coloca o dedo no pescoço.
O tumor de Somai nasceu de uma glândula salivar, dos quais existem três ao longo da linha da mandíbula.
Os tumores nas glândulas submandibulares tendem a ser menores e estão logo abaixo da mandíbula. Entre 10% e 20% dos tumores da glândula salivar começam nessa região e cerca de metade deles são cancerígenos.
"As glândulas submandibulares estão abaixo da mandíbula", acrescentou Vedak. Eles secretam saliva debaixo da língua. Segundo o médico, se os nódulos fossem pequenos, teria sido fácil de operar, mas Somai estava carregando um caroço maciço.
A cirurgia foi conduzida pelo cirurgião-chefe Dr. Sunil Kumar, e assistida pelo Dr. Onkar Vedak, Dr. Priyanka Shrivastava, Dr. Krishna Choubey, Dr. Ampu Hage e o anestesista Dr. Ehsan Siddique.
Meio século vivendo com tumor gigante na nuca

Histórias como a de Somai são comuns, ainda mais em regiões menos favorecidas economicamentes ao redor do mundo. O chinês Zhao Xingfu pode se ver novamente como veio ao mundo após 50 anos, quando ficou sem o peso no pescoço de um tumor gigante, de quase 15 quilos .
Com o tempo, o que começou com um caroço, passou a ganhar uma forma muito maior, afetando completamente a vida de Xingfu.
Para remover o tumor , os cirurgiões passaram 10 horas trabalhando na parte de trás do pescoço do homem. O procedimento foi realizado no Guizhou Cancer Hospital pelo médico Dong Shixiang.
Segundo o Dr. Shixiang, a cirurgia foi bastante complicada, mas foi possível remover 95% do tumor. “Em todos os meus anos de profissão, nunca vi um tumor tão grande”, afirmou o médico.
Apesar de ter sido operado por médicos, Xingfu diz que quem realmente foi o responsável por retirar seu tumor foi seu filho Zhao Jianjiang. Ele, que nunca tinha visto o pai sem a condição, percebeu o pai não conseguia mais caminhar sem problemas por conta do tamanho do crescimento do tecido e decidiu levantar dinheiro com a família para pagar a cirurgia.
Xingfu, hoje com 64 anos, afirmou que começou a perceber o tumor com apenas 17 anos. Desde então, o chinês passou a ignorá-lo, primeiro por ser indolor e segundo por não poder pagar um tratamento adequado.
Agora, em casa, uma semana após a cirurgia, Xingfu está se recuperando normalmente. Apesar de sentir-se "aliviado" pelo sucesso da operação, ele disse brincando, que não está acostumado a viver sem a condição.
Lipoma

De acordo com os especialistas, o chinês tinha um lipoma , que são tumores cutâneos benignos, formados por células de gordura maduras. A incidência não é pequena, estima-se que 10% da população pode ser esse tipo de tumor, o que equivale a uma prevalência de 2,1 por 1.000 pessoas.
Geralmente, as regiões subdérmica e subcutânea são as que mais abrigam os lipomas, que podem-se localizar em qualquer parte do corpo, incluindo vísceras e cavidades.
Na maioria dos casos, os lipomas surgem na faixa etária de 40 a 60 anos e são raros em crianças e adolescentes, como no caso de Xingfu.
Os tumores se apresentam como massas de crescimento lento sem sintomas de dor ou comprometimento funcional.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o diagnóstico é clínico para os que apresentam lipoma subcutâneo típico na maioria das vezes. Nos casos de lipoma grande (maiores do que 5 centímetros), de forma irregular e com sintomas de envolvimento miofascial, a imagem é justificada por ultrassom, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM). A imagem também deve ser obtida se a biópsia de tecido indicar a presença de uma massa infiltrada.
Em muitos casos, o tratamento é dispensado, mas é necessário o acompanhamento clínico. No entanto, as indicações para a remoção de um lipoma incluem preocupações cosméticas, quando causam alterações nervosas, dor e consequentes limitações funcionais.
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Outras indicações para a remoção de lipomas grandes, como no caso do tumor gigante , incluem aumento de tamanho, características irregulares (induração), tamanho maior do que 5 centímetros, amostras de biópsia de agulha do núcleo consistente com características atípicas ou outras características mais consistentes com um sarcoma.