A alergia alimentar é algo imprevisível e que pode acontecer em qualquer fase da vida. Até mesmo quem nunca teve uma reação alérgica ao consumir certo alimento, pode vir a ter uma alergia em algum momento depois, especialmente se falarmos de crustáceos ou alimentos recentemente introduzidos na dieta.
De acordo com a médica alergista e imunologista Ana Paula Moschione Castro , esse ainda é um tema que precisa ser melhor estudado, a começar pela diferença entre intolerância à lactose e alergia alimentar ao leite . Vamos entender melhor a seguir!
Diferença entre alergia e intolerância
Ana Paula usou a intolerância à lactose e a alergia ao leite para explicar a diferença entre os problemas. Segundo ela, a alergia é deflagrada pelo sistema imunológico, sendo a proteína do leite , como a caseína, por exemplo, a que mais incomoda o sistema imunológico. Com isso, uma resposta (que pode ser grave) é provocada, levando até a anafilaxia.
“Os sintomas são variados, como vermelhidão na pele, falta de ar e sangramento nas fezes , e são mais frequentes na infância e com chances de curar na fase adulta. Além disso, geralmente as reações alérgicas aparecem com pequenas quantidades de leite”, ela aponta.
Já quando há intolerância à lactose , que é o açúcar do leite, os sintomas são gastrointestinais e ocorrem na maioria das vezes em adultos, com tendência a permanecer pelo resto da vida.
“Dificuldade em digerir o leite, sensação de estufamento, gazes e diarreia são alguns dos sinais da intolerância. Mas, diferentemente da reação alérgica, a intolerância não apresenta risco de morte”, esclarece.
A profissional orienta que, caso você desconfie de que seu filho tem alergia à proteína do leite, não tire o alimento da criança, mas sim procure o diagnóstico com um especialista, para não causar uma deficiência nutricional. Além disso, pode não ser uma alergia, mas sim outra questão a ser avaliada.
Diagnóstico de alergia alimentar
O diagnóstico de alergia alimentar , segundo a médica alergista e imunologista, requer uma investigação criteriosa.
“Ele depende do histórico clínico muito bem avaliado pelo alergista, associado aos dados de exame físico , que podem ser complementados pelo teste de provocação oral, considerado padrão ouro no diagnóstico”, explica Ana Paula. “É importante dizer que exames de detecção de IgG para proteínas alimentares , que são disponíveis comercialmente, não configuram o diagnóstico de alergia alimentar. É preciso muito critério para esse diagnóstico”, ela alerta.
Além disso, vale ressaltar que pessoas com rinite, asma e dermatite atópica estão um pouco mais predispostas à alergia alimentar, mas isso varia e não configura uma regra.
Então, como prevenir a alergia alimentar?
Ana Paula explica que a forma mais grave da reação alérgica é a anafilaxia , que leva a sintomas como urticária gigante, geralmente acompanhada de angioedema ( inchaço ), falta de ar com possível insuficiência respiratória, cólicas, vômitos e diarreia agudos, hipotensão e choque, sendo que em questão de minutos o paciente pode evoluir para morte.
Sendo assim, pessoas diagnosticadas com alergia alimentar precisam conhecer bem sua própria saúde e evitar ao máximo se colocar em situações de risco.
Pensando nisso, a médica deixou 5 dicas para ajudar na prevenção de uma possível reação causada por alimentos:
- Se você já sabe que tem alergia a algum alimento, não arrisque! Evite-o sempre que possível;
- Leia sempre os rótulos de produtos industrializados para se certificar da ausência do alérgeno;
- Cuidado com a contaminação cruzada em restaurantes, causada pelos utensílios usados em diversos alimentos (ex: colher que mexeu no camarão foi usada no arroz);
- Para quem já apresentou reações graves anteriormente, tenha sempre por perto a adrenalina autoinjetável, já que pode acontecer exposição acidental;
- O alergista e imunologista é o profissional que faz o diagnóstico da alergia alimentar, portanto, siga sempre as recomendações de um especialista.