Veja os fatores que interferem na tomada de decisão

Regiões do cérebro, emoções e pressão social podem impactar as nossas escolhas

Veja os fatores que interferem na tomada de decisão
Foto: Diferentes fatores podem influenciar as decisões que tomamos diariamente (Imagem: Alphavector | Shutterstock)
Veja os fatores que interferem na tomada de decisão

As decisões que tomamos diariamente, desde as mais simples, como o que comer no café da manhã, até as mais complexas, como mudar de emprego ou escolher um candidato nas eleições, estão profundamente interligadas aos processos cerebrais e emocionais.

O cérebro processa uma vasta quantidade de informações, avaliando experiências passadas, expectativas futuras e fatores contextuais para tomar cada decisão. Além disso, as emoções desempenham um papel central, influenciando a maneira como percebemos riscos, recompensas e consequências.

Segundo a psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, entender como o cérebro age nesses momentos é fundamental para compreender o porquê, às vezes, tomamos decisões rápidas e acertadas, enquanto em outras situações somos consumidos pela indecisão.

“A tomada de decisão envolve várias regiões do cérebro , sendo o córtex pré-frontal o principal responsável pela avaliação das opções e pela antecipação das consequências de cada escolha”, explica. Segundo ela, esse processo, no entanto, não é totalmente racional. “O sistema límbico, que controla as emoções, também tem um papel significativo, influenciando nossas decisões com base em experiências passadas, medos e desejos.”

Interferência das emoções na tomada de decisão

As emoções desempenham um papel essencial na tomada de decisões. “Ao contrário do que muitos pensam, as emoções não são o ‘inimigo’ da razão. Elas são cruciais para que possamos tomar decisões mais ágeis e adequadas em determinados contextos”, afirma. “Por exemplo, quando estamos diante de uma situação de perigo, o medo pode nos ajudar a tomar decisões mais rápidas e proteger nossa vida.”

No entanto, as emoções podem ser um obstáculo quando não conseguimos gerenciá-las adequadamente. “ Ansiedade elevada ou medo irracional podem levar à paralisia ou à tomada de decisões precipitadas”, alerta a psiquiatra.

Pensamento racional para tomar decisões

Além das emoções, a racionalidade também tem seu papel. “Quando temos tempo e recursos, tendemos a utilizar o pensamento racional para tomar decisões”, explica a Dra. Jéssica Martani. “Avaliar prós e contras, fazer listas mentais de vantagens e desvantagens e ponderar as possíveis consequências faz parte desse processo mais deliberado.”

Contudo, o excesso de análise pode levar à chamada “paralisia por análise”, em que o indivíduo acaba não conseguindo decidir devido ao excesso de opções e informações. “Nesses casos, o equilíbrio entre razão e emoção é o ideal”, diz.

Fatores externos também exercem influência

Fatores externos, como o ambiente e a pressão social, podem impactar nossas decisões. “O ambiente em que estamos inseridos, nossas experiências anteriores e até a opinião de outras pessoas ao nosso redor influenciam diretamente na forma como tomamos decisões”, explica a médica.

A Dra. Jéssica Martani ressalta a importância de estar ciente desses fatores, para que seja possível tomar decisões mais conscientes e alinhadas com os próprios valores e objetivos. “Tomar decisões de maneira consciente requer autoconhecimento e uma compreensão clara de quais são as nossas prioridades. Isso pode ajudar a mitigar a influência externa e a tomar decisões mais autênticas”, afirma.

Melhorando a tomada de decisão

Algumas práticas podem ajudar a melhorar a tomada de decisões. “Práticas como a meditação e o mindfulness podem ajudar a desenvolver uma maior autoconsciência, permitindo que as pessoas identifiquem e regulem melhor suas emoções durante o processo de decisão”, sugere a Dra. Jéssica Martani.

Ela também recomenda a busca por um equilíbrio entre emoção e razão, reconhecendo que nem sempre uma decisão totalmente racional será a melhor, assim como uma decisão puramente emocional pode ser prejudicial.

Por Mayra Barreto Cinel