5 perguntas e respostas sobre alergia alimentar
Alguns cuidados são importantes para prevenir as crises da alergia alimentar (Imagem: Macrovector | Shutterstock)
5 perguntas e respostas sobre alergia alimentar

A alergia alimentar ocorre quando o sistema imunológico responde de forma anormal a determinados alimentos, mesmo em quantidades mínimas, podendo causar reações que vão de leves a severas. Um exemplo disso foi o caso da influenciadora Dominique Brown, que morreu aos 34 anos após consumir alimentos aos quais era alérgica durante um evento de uma empresa do ramo alimentício.

“A alergia alimentar é uma reação adversa do sistema imunológico a determinados alimentos. O que acontece é que certas proteínas são identificadas como nocivas pelo organismo, ativando uma resposta imunológica exagerada que pode variar de leve a grave e envolver múltiplos sistemas do corpo”, diz a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

A médica acrescenta que é fundamental que indivíduos com alergia alimentar , assim como familiares e cuidadores, estejam bem informados e preparados para lidar com possíveis reações alérgicas. Por isso, a seguir, ela responde às principais dúvidas sobre o tema. Confira!

1. Quais alimentos mais costumam causar alergia?

Os alimentos mais comuns que causam alergias alimentares são frequentemente referidos como os ‘oito grandes’ alérgenos, pois são responsáveis pela maioria das reações alérgicas alimentares. São eles: 

  • Leite , especialmente entre crianças pequenas; 
  • Ovos , principalmente a proteína presente na clara; 
  • Amendoim , que está entre as alergias alimentares mais graves e potencialmente fatais; 
  • Oleaginosas , como as nozes, amêndoas e avelãs; 
  • Peixes ;
  • Frutos-do-mar
  • Soja , que é muito comum em crianças, mas pode ser superada na infância;
  • Trigo, que pode causar reações por conta de uma série de proteínas, e não apenas pelo glúten .

2. Quais são os sintomas de uma alergia alimentar?

Os sintomas de uma alergia alimentar podem variar amplamente em gravidade e podem afetar diferentes partes do corpo. Geralmente, aparecem dentro de minutos a algumas horas após a ingestão do alimento alérgeno. Na pele, podem surgir urticárias, prurido, eczema e angioedema, que é um inchaço das camadas mais profundas da pele. 

Os sintomas gastrointestinais incluem dor abdominal, náusea, vômito e diarreia. Com relação aos sintomas respiratórios, podemos citar congestão nasal, rinorreia, espirros, tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar e edema da glote, que é um inchaço na garganta que pode dificultar a respiração.

Também podem ocorrer sintomas cardiovasculares, incluindo tontura, desmaio, queda da pressão arterial e palpitações. Por fim, há o risco de anafilaxia, que é uma reação alérgica grave e potencialmente fatal, com sintomas como inchaço da garganta e dificuldade para respirar, queda acentuada da pressão arterial, perda de consciência, pulso rápido e fraco, erupções cutâneas generalizadas e coceira, além de sintomas neurológicos como confusão e ansiedade.

3. O que fazer ao perceber os sintomas de alergia alimentar?

Ao perceber os sintomas de uma alergia alimentar, é importante agir rapidamente e de maneira apropriada para evitar complicações. Primeiro, é importante reconhecer e identificar a gravidade dos sintomas para, em seguida, administrar a medicação adequada. 

Para sintomas leves a moderados, são indicados anti-histamínicos. Para sintomas graves ou sinais de anafilaxia, é recomendado o uso do autoinjetor de epinefrina. Em casos de sintomas graves ou após administração de epinefrina, é fundamental também ligar imediatamente para o serviço de emergência.

Enquanto a ajuda médica não chega, posicione a pessoa corretamente para facilitar a respiração, na posição sentada, semissentada ou deitada de lado se estiver inconsciente e monitore-a constantemente. Se os sintomas não melhorarem dentro de 5 a 15 minutos após a primeira dose de epinefrina e a ajuda médica ainda não tiver chegado, administre uma segunda dose do medicamento. E mesmo que a pessoa pareça melhorar, ainda é fundamental ser avaliada em um hospital. Reações bifásicas podem ocorrer, com os sintomas retornando após um período de melhora.

4. Quais testes podem ser feitos para identificar a alergia alimentar?

Em caso de suspeita de alergia alimentar, o mais importante é buscar um médico especialista em alergologia/imunologia. O especialista poderá solicitar: 

  • Histórico médico detalhado;
  • Diário alimentar para identificar alimentos que podem estar relacionados aos sintomas;
  • Exames de sangue;
  • Testes de provocação oral, em que o consumo do alimento suspeito é realizado em doses crescentes sob supervisão médica rigorosa;
  • Dieta de eliminação, em que se evita completamente os alimentos suspeitos por um período determinado;
  • Teste de ponto a ponto, no qual quantidades de alimentos são aplicadas na pele;
  • Testes de componentes de alérgenos alimentares, que testam os componentes específicos das proteínas alimentares que podem causar reações alérgicas.

5. Como prevenir alergias alimentares?

Prevenir alergias alimentares envolve uma combinação de estratégias, especialmente para pessoas que já sabem que são alérgicas a determinados alimentos. É importante evitar os alimentos alergênicos com a leitura de rótulos, perguntar sobre ingredientes ao comer fora e utilizar produtos seguros. 

Tome cuidado na cozinha devido à contaminação cruzada. O ideal é utilizar utensílios de cozinha separados. Além disso, é fundamental treinar amigos e familiares para reconhecer e responder a uma reação alérgica, certificando-se de que todos saibam usar um autoinjetor de epinefrina. 

Sempre carregue um autoinjetor de epinefrina, anti-histamínicos e qualquer outra medicação prescrita e tenha um plano de ação claro para emergências alérgicas. É interessante também usar um bracelete ou colar que informe sobre a alergia alimentar e realizar consultas médicas regulares com um alergista para monitorar a condição, ajustar o plano de manejo e atualizar tratamentos. 

Vale ressaltar ainda que, na infância, uma introdução alimentar orientada pelo pediatra e amamentação exclusiva até seis meses são estratégias que podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de alergias alimentares.

Por Maria Claudia Amoroso

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