Pacientes com perda de visão causada por DMRI poderá voltar a enxergar com ajuda de óculos normais
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Pacientes com perda de visão causada por DMRI poderá voltar a enxergar com ajuda de óculos normais

Duas pessoas com perda severa de visão voltaram a enxergar o suficiente para conseguirem ler depois de receberem um tratamento com tecido cultivado a partir de células-tronco embrionárias humanas.

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Os pacientes que foram submetidos ao procedimento se tratavam de um homem de 80 anos e uma mulher de 60 anos. Ambos sofriam de degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma doença que acomete a área central da retina, conhecida como mácula, e evolui rapidamente, causando perda de visão . Essa é uma das principais causas de cegueira em pessoas acima de 50 anos.

Com o tratamento, as duas pessoas progrediram de um estágio em que não eram mais capazes de ler para a atual situação, onde elas conseguem ler de 60 a 80 palavras por minuto com óculos de leitura normais. Eles foram monitorados por 12 meses após o procedimento e não relataram efeitos colaterais graves.

A notícia é um passo importante na busca pelo desenvolvimento de um tratamento para DMRI , que, no Reino Unido, onde os testes foram feitos, afeta mais de 600 mil pessoas.

"Os resultados sugerem que esta nova abordagem terapêutica é segura e proporciona bons resultados visuais", constata Lyndon da Cruz, consultora de oftalmologia do Moorfields Eye Hospital NHS Foundation Trust. "Os pacientes que receberam o tratamento apresentaram DMRI muito grave, e sua visão aprimorada contribuirá de alguma forma para aumentar sua qualidade de vida".

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Novas camadas

Existem dois tipo de DMRI: a seca ou atrófica e a úmida ou exsudativa. O primeiro modo é o mais comum, acometendo 90% dos casos, onde, lentamente evolui para atrofia, levando à perda da visão. Já a úmida, que é considerada a forma mais grave da doença, a perda da visão é mais rápida e irreversível.

Em DMRI úmida, o vazamento de fluidos danifica o RPE  - uma camada de células chamada de pigmento do epitélio retinal (RPE, na sigla em inglês), essencial para sustentar e nutrir as células da retina que capturam luz para visão - levando à morte de células sensíveis à luz e perda de visão.

No entanto, para realizar o estudo, Cruz e sua equipe criaram as células RPE a partir de células-tronco embrionárias humanas em um macio andaime de plástico, antes de transplantar o tecido na parte de trás de cada olho dos voluntários.

As novas células RPE “reabasteceram” a saúde das células sensíveis à luz, melhorando a visão.

Um teste semelhante de células RPE criadas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSC) - células adultas que são transformadas em células-tronco - também apresentaram algum sucesso no ano passado. Uma mulher com DMRI teve suas células da pele encaminhadas para células RPE. Essas células foram implantadas ao lado de sua retina. O tratamento não melhorou a nitidez de sua visão, mas impediu uma maior deterioração.

Os tratamentos usando iPSC são preferíveis em relação aqueles que utilizam células-tronco embrionárias, pois não envolvem a destruição de embriões humanos. No entanto, há uma preocupação em torno dessa modalidade, já que transformar células adultas em células-tronco poderia levar a mutações genéticas causadoras de câncer. Por isso, os pesquisadores afirmam que são necessários mais ensaios de ambas as técnicas.

"Este [novo] estudo representa um progresso real na medicina regenerativa e abre as novas opções de tratamento para pessoas com degeneração macular relacionada à idade", diz Pete Coffey no UCL Institute of Ophthalmology, parte da equipe que realizou a análise do estudo. "Esperamos que isto leve a uma terapia "imediata" acessível, e que possa ser disponibilizada aos pacientes do sistema público do Reino Unido nos próximos cinco anos".

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