Um estudo recente, realizado com uma amostra de 2,6 milhões de pessoas e publicado na revista científica Nature, revelou que o sobrepeso e a obesidade durante o início da idade adulta, entre 18 e 40 anos, podem estar relacionados a 18 tipos distintos de câncer.
Pesquisas anteriores indicavam pelo menos 13 possíveis ligações cancerígenas. No entanto, as novas descobertas demonstraram que a leucemia, o linfoma não Hodgkin e o mieloma múltiplo, além do risco de desenvolvimento de câncer na cabeça, no pescoço e na bexiga em indivíduos que nunca fumaram, também estão associados ao excesso de peso.
Segundo o nutricionista Heinz Freisling, pesquisador da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), os resultados do estudo trazem uma nova avaliação da carga de câncer relacionada ao excesso de peso e à obesidade, que atualmente está provavelmente sendo subestimada.
Para realizar a pesquisa, que teve início em 2009 na região da Catalunha, na Espanha, foram reunidos uma amostra de 2 milhões e seiscentos mil adultos e jovens adultos sem diagnóstico de câncer. Durante os nove anos seguintes, os participantes foram acompanhados e foram diagnosticados mais de 200 mil casos de câncer entre eles.
Analisando os dados coletados e utilizando as pontuações do índice de massa corporal (IMC), os autores do estudo concluíram que pessoas com excesso de peso ou obesas desde a idade adulta até os 40 anos têm maior probabilidade de desenvolver a doença. Além disso, descobriu-se que o tempo em que a pessoa permanece com o peso acim a do recomendado também afeta o risco de câncer.
Panagiota Mitrou, diretor de Pesquisa, Política e Inovação do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer, enfatiza que as evidências demonstram claramente que manter um peso saudável ao longo da vida é uma das medidas mais importantes que as pessoas podem adotar para diminuir o risco de câncer. Ele ressalta ainda a importância da prevenção precoce na idade adulta como um fator crucial nesse processo.
Sobrepeso: Crescimento na população até 2035
De acordo com a nova edição do Atlas da Obesidade no Mundo, divulgada pela Federação Mundial de Obesidade, estima-se que até 2035 mais da metade da população global estará acima do peso ou será obesa. Isso implica ter um índice de massa corporal (IMC) superior a 25 kg/m² para sobrepeso e acima de 30 para obesidade. Essa preocupante projeção foi anunciada pela aliança formada por grupos de saúde, científicos, pesquisa e campanha.
No Brasil, a situação também é alarmante, já que a nova edição do Atlas da Obesidade no Mundo indica que 4 em cada 10 adultos brasileiros serão obesos. Atualmente, aproximadamente 2,6 bilhões de pessoas em todo o mundo, equivalente a 38% da população global, já estão com sobrepeso ou obesidade.
Se a tendência continuar, em apenas 12 anos, mais de 4 bilhões de indivíduos, ou seja, 51% da população, serão classificados nessas categorias de peso.