Vários estudos ressaltam a importância de manter um peso adequado durante a primeira infância para reduzir a incidência de obesidade na vida adulta e suas consequências negativas. Além do excesso de peso, a obesidade acarreta uma série de problemas metabólicos que podem colocar a vida em risco em qualquer fase da vida.
Atualmente, estudos têm demonstrado que a prevenção da obesidade pode começar ainda durante a gestação, por meio de um pré-natal adequado . Isso se deve também à influência genética. A Dra. Ana Luisa Vilela, médica nutróloga especializada em obesidade, explica que nossa composição corporal é determinada, em 60% a 80%, pela hereditariedade, e mais de 300 genes estão envolvidos na regulação do peso.
“Outros pontos que também influenciam são o aumento de peso da mãe e a diabetes gestacional, que levam a uma programação metabólica no bebê que faz com que ele tenha piores preferências alimentares, obesidade e síndrome metabólica na vida adulta”, conta.
Aleitamento materno ajuda a prevenir a obesidade
A Dra. Ana Luisa Vilela explica que a amamentação previne o alto ganho de peso na infância e o risco de obesidade na fase pré-escolar. “Uma meta análise recente mostrou que as crianças amamentadas apresentam 22% menos risco de obesidade quando comparadas àquelas que receberam fórmulas especiais, principalmente após os três meses de vida”, destaca.
Segundo a especialista, isso ocorre porque muitas fórmulas prontas são ricas em calorias e proteínas. “Nos primeiros dois anos de vida, o excesso de proteína está associado a uma maior produção endógena de insulina e IGF-1, hormônios ligados à diferenciação das células de gordura e do seu acúmulo. Esse mecanismo é conhecido como ‘programming’ e representa fator crucial para o desenvolvimento da obesidade e suas consequências na vida adulta”, explica.
Cuidados com a alimentação das crianças
A prevenção da obesidade também passa pelos atos da família. “Bebês amamentados têm melhor percepção de saciedade do que aqueles alimentados com fórmulas. Isso ocorre também porque muitos pais e cuidadores usam a mamadeira como forma de acalmar a criança, prejudicando o aprendizado correto da autorregulagem da fome “, afirma a Dra. Ana Luisa Vilela.
O primeiro paladar das crianças é adocicado, já que o leite materno também é classificado como mais docinho. Justamente por isso é que o açúcar precisa ser evitado até os dois anos, pois, além de ser considerado um alimento estimulante, é um grande gatilho para a compulsão e, consequentemente, a obesidade.
Oferecendo os alimentos
Segundo a médica, com o paladar ainda em formação, os pais precisam se conscientizar de que a criança precisa negar por pelo menos 7 vezes um alimento para então afirmarmos que ela não gosta daquilo. “A primeira recusa deve ser oferecida novamente, por mais 6 vezes e em até outro formato (cozido, cru, amassadinho, em purê, assado ou grelhado). No mais, quanto mais os pais buscarem voltar às origens e oferecer os alimentos na forma mais crua e in natura, é melhor”, destaca a Dra. Ana Luisa Vilela.
Incluindo as crianças no preparo da comida
Incluir os pequenos no preparo das refeições também ajuda a desenvolverem um bom relacionamento com a comida, e estudos mostram que as famílias que fazem as refeições juntas regularmente têm menos chances de sofrer de sobrepeso e obesidade.
“O bebê aprende a se alimentar com os pais e vai ter bons hábitos se os mesmos o tiverem. Famílias que priorizam frutas, verduras, legumes e grãos integrais aos alimentos industrializados têm muito mais saúde e qualidade de vida. Isso se reflete não apenas no presente, mas principalmente no futuro de todos”, conclui.
Por Mayra Barreto