O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta
Foto: Divulgação/Governo de Transição
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)  negar que o governo federal vai comprar a vacina chinesa, a CoronaVac, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta classificou o posicionamento do chefe do Executivo como "míope" e "mais um capítulo da coletânea de erros". 

Em entrevista exclusiva ao portal iG , Mandetta, que já esteve à frente da pasta da Saúde, criticou o presidente e destacou que o papel do líder seria de ajudar a solucionar o problema e não "jogar pedra".

"Ele está penalizando a pesquisa, a ciência e mais uma vez a tentativa do povo brasileiro de ter a volta da sua vida ao normal, né? Em vez de estar ajudando a solucionar o problema da produção de vacinas, porque mesmo que o Butantan produza 46 milhões de doses da CoronaVac, ainda é insuficiente para a população brasileira, e em vez de jogar pedra e sabotar, ele tinha que procurar alternativas para produzir mais. É muito pequeno, muito míope", declarou o ex-ministro sobre a postura de Bolsonaro.

Demitido do cargo em abril por não se alinhar ao posicionamento do presidente, Mandetta descreve que as interferências são constantes e não será "a primeira ou a última vez que ele fará".

"Na Saúde está mais escancarado porque desde o início, a condução dele da pandemia é uma coletânea de erros e esse é mais um capítulo. Mas a mesma coisa acontece na Educação, no Meio Ambiente, na Segurança Pública. E isso vai aumentando a coleção de maus exemplos", disse.

Sobre qual seria o limite da politização da vacina, Mandetta entende que só depende dos brasileiros nas urnas. "Acho que o limite é a hora que o povo brasileiro dizer 'chega e basta'. Isso daí em um regime democrático só acontece quando você tem uma eleição", afirmou. 

Entenda

O impasse entre o governador João Doria e Jair Bolsonaro (sem partido) começou na manhã de hoje, quando o presidente disse em redes sociais que o governo não compraria vacinas de origem chinesa.

O Ministério da Saúde havia negociado com o governo Doria o financiamento para produção de 46 milhões de doses da vacina chinesa, em São Paulo. A pasta tinha, inclusive, enviado um ofício, assinado por Pazuello, sinalizando a compra. 

Atualmente, o Brasil tem quatro testes de vacinas em andamento. Além da Sinovac, há uma desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, e que será produzida pela Fiocruz. A Anvisa também já deu aval a estudos clínicos de uma vacina em desenvolvimento pela Pfizer e de outra da Janssen, braço farmacêutico da Johnson&Johnson.

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