Apesar de raro, já que no Brasil, os casos não chegam a 150 mil por ano, o câncer de pâncreas é conhecido pela dificuldade no tratamento. Esse tipo de tumor tem a pior taxa de sobrevivência se comparado a outros em outras partes do corpo. Mas estudos testados em ratos pode prolongar a expectativa de vida das vítimas dessa doença.
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A combinação quimioterápica padrão de duas drogas que são comumente utilizadas para o tratamento de câncer de pâncreas só consegue manter os pacientes vivos por uma média de nove meses. A terapia é complicada porque os tumores pancreáticos são protegidos por uma armadura de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e células imunológicas, conhecidas como estroma.
No entanto, uma equipe liderada por Paul Timpson e Marina Pajic, do Instituto de Pesquisa Médica Garvan, em Sydney, na Austrália, mostrou que um remédio pode reduzir este estroma, facilitando a entrada de outras substâncias quimioterápicas no tumor.
Os especialistas injetaram em ratos com a doença esse remédio, que já é utilizado no tratamento de derrames, por três dias antes da quimioterapia padrão. Esse método fez com que o tempo de vida desses animais aumentasse 47%.
Segundo o estudo, se essa condição fosse “traduzida” para humanos, aumentaria a sobrevida média de 9 para 13 meses. "Não soa como muito, porque o sucesso dos tratamentos desse câncer é muito baixo, mas para a medicina toda a melhoria é fantástica", afirma Timpson.
Ponto fraco
Usando um tipo de microscopia, a equipe descobriu que o remédio agiu de duas maneiras. Além de enfraquecer o tumor, o que o torna menos capaz de crescer e se espalhar para outras partes do corpo, a droga fez com que os vasos sanguíneos ficassem mais permeáveis, permitindo que mais drogas quimioterápicas se espalhem para o tumor.
"O calcanhar de Aquiles das células do câncer de pâncreas é a necessidade de o tecido circundante estruturá-las e ajudá-las a crescer e se mover", diz Timpson. "Atacar o estroma torna-os desorientados."
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A equipe agora está olhando para testar a droga em combinação com quimioterapia em pessoas com câncer de pâncreas, declarou Marina.
Ruth Ganss, do Instituto Harry Perkins de Pesquisa Médica em Perth, Austrália, diz que a descoberta de que o fasudil pode remodelar o estroma tumoral é notável. "Os cânceres pancreáticos são rígidos e sabidos para conter lotes da matriz," diz.
A doença
O pâncreas se localiza atrás da parte inferior do estômago, e é responsável por secretar as enzimas que auxiliam na digestão e hormônios que ajudam a regular os níveis de açúcar no metabolismo. Para diagnosticar a doença, os sintomas costumam se dar com a perda de apetite e perda de peso de uma hora para outra, porém eles só ocorrem quando o tumor já atingiu uma evolução.
Por se espalhar rapidamente e ter um prognóstico ruim, a doença costuma ser detectada tardiamente. O tratamento do câncer pode incluir a remoção cirúrgica do pâncreas, radioterapia e quimioterapia.
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