É sabido que o número de casos de câncer aumenta a cada dia. Isso acontece no Brasil e no resto do mundo, em grande parte devido ao envelhecimento da população. Em outras palavras: vivendo mais, as pessoas acabam tendo mais oportunidade de desenvolver algum tipo de câncer. Podemos, então, dizer que o principal fator de risco para esse grupo de doenças é a idade.
Mas isso não significa que desenvolver algum tipo de câncer
seja algo inevitável. Muito pelo contrário. Existem muitas coisas que podemos fazer para evitar essa doença.
Entendendo
Trata-se de um conjunto de doenças (o número chega a centenas, conforme o nível de detalhe que se considera na classificação), com semelhanças importantes quanto a origem e comportamento, mas também diferenças significativas no que se refere à sua apresentação inicial, evolução e respostas aos tratamentos.
Podem ter origem em praticamente todos os tecidos do corpo.
Origem
A doença surge de uma série de mutações (alterações no DNA da célula) específicas, que vão se somando para transformar radicalmente o comportamento da célula.
Os principais agentes reconhecidos capazes de provocar estas transformações no DNA das células são os vírus, as radiações ionizantes, além de dezenas de substâncias químicas já identificas.
Estas células podem ter seu crescimento e multiplicação favorecidos por condições de nosso organismo, como níveis hormonais, inflamação, obesidade, diabetes, etc.
A célula transformada costuma evoluir da seguinte maneira: inicialmente forma pequenos grupos de células, que passam a invadir os tecidos próximos, podendo se disseminar pelo corpo por meio de vasos sanguíneos ou linfáticos, onde passam a crescer na forma de metástases.
É possível evitar?
Pesquisadores acreditam que cerca de metade dos casos diagnosticados hoje poderiam ser evitados.
Isso significa que tomando cuidado para evitar os fatores de risco já reconhecidos podemos reduzir muito nossa chance de desenvolver alguma destas doenças.
Fatores de risco (a serem evitados)
a) Vírus – diversos vírus têm sido implicado no desenvolvimento da doença. Merecem especial atenção dois agentes bastante conhecidos da população: o vírus da Hepatite B e o Papiloma Vírus (HPV), para os quais já existe vacina disponível e gratuita na rede pública de saúde.
Tomar estas vacinas é uma forma eficaz de evitar vários tipos de câncer.
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b) Radiação ionizante –
as evidências mais conclusivas de que radiações ionizantes seriam responsáveis pelo desenvolvimento do tumor vem de estudos que acompanharam mineradores, radiologistas, profissionais envolvidos com a pintura de mostradores de relógios (fluorescente) e sobreviventes de bombas atômicas.
As radiações fazem parte de nosso meio ambiente, sendo proveniente da solo, da água das plantas, etc. Além disso, somos constantemente atingidos por radiações solares de baixa intensidade.
Acredita-se que as radiações sejam responsáveis por aproximadamente 2% dos casos de câncer diagnosticados atualmente, com vários possíveis diagnósticos.
Embora seja impossível nos protegermos das radiações do ambiente e cósmicas, podemos ser prudentes na exposição às fontes mais próximas de nós, o que inclui os equipamentos de radiologia.
c) Radiação solar – a radiação solar (UV) é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele. Além disso, sabemos que estamos expostos a radiação de diferentes fontes ao longo de toda a vida.
Evitar a exposição solar excessiva, com o uso de protetores solares, chapéus e roupas de mangas longas em horários de muito sol é uma forma eficaz de evitar os diferentes tipos de câncer de pele.
d) Agentes químicos – centenas de substâncias capazes de estimular as alterações moleculares responsáveis pelo desenvolvimento da enfermidade já foram identificadas. Boa parte destas substâncias está presente na fumaça do cigarro. Por isso, se quer realmente evitar o câncer, nem pense em fumar. Se é fumante, está mais que na hora de parar. É também importante evitar ficar em locais fechados com fumaça de escapamentos de carros.
e) Obesidade e sedentarismo – a obesidade e o sedentarismo são os dois maiores vilões do século XXI, respondendo por boa parte dos problemas de saúde da população. Sabemos que a obesidade aumenta o risco de mais de dez tipos diferentes de câncer e que a pratica de exercícios tem um efeito protetor independente da perda de peso. Por isso, controlar o peso e se exercitar não vai apenas trazer bem-estar, mas também reduzir o risco de desenvolver uma doença cardiovascular e vários tipos diferentes de câncer.
f) Alimentação – estudos populacionais deixam claro que as dietas ricas em vegetais, frutas e legumes têm um efeito protetor sobre o organismo, reduzindo a incidência de vários tipos de câncer, como o câncer do esôfago e colorretal.
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Os principais diagnósticos de câncer no Brasil
Fonte: Estimativa 2016 / Incidência de Câncer no Brasil e Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Dr. Claudio Ferrari
Oncologista Clínico
Assessor de Diretoria do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
Secretário de Comunicação da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
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